O reposicionamento do calçado do Rio Grande do Sul no mercado dos Estados Unidos, que importa cerca de 2 bilhões de pares por ano, foi o tema central de um evento promovido pelo Comitê de Internacionalização e o Pacto Calçadista, nesta quinta-feira (10), no auditório da ACI, em Novo Hamburgo. Especialistas destacaram a necessidade de união de todo o setor para aumentar as vendas no mercado norte-americano, que é amplamente dominado por produtos da Ásia.
O integrante do Conselho Estratégico do Pacto Calçadista, Marlos Schmidt, ressaltou que já foram realizados avanços significativos, como a associação à Associação dos Distribuidores e Varejistas de Calçados (FDRA), e anunciou que uma missão da entidade visitará o Rio Grande do Sul em 2025. Schmidt enfatizou a importância do apoio de empresas e entidades empresariais e incentivou a participação de mais integrantes do setor.
Durante o segundo painel, a empresária e professora universitária Ana Cristina Klein abordou a relevância da integração entre cultura exportadora e capacidade de internacionalização para o sucesso em mercados globais. Segundo Ana, “a cultura exportadora cria a mentalidade certa, enquanto a capacidade de internacionalização oferece as ferramentas e estruturas necessárias.” Ela também destacou a qualidade do produto e certificações internacionais como estratégias para exportação ao mercado americano.
A especialista apresentou ainda os dez mandamentos da exportação de calçados para os Estados Unidos:
- Não reclamarás de ter que produzir meio número.
- Não tentarás convencer o cliente a aceitar número cheio.
- Não farás ‘enjambrações’ e terás equipe técnica com capacidade para desenvolver e produzir meio número.
- Responderás e-mails e solicitações de preços e entregas em 24 horas, como fazem os chineses.
- Farás amostras e produção 100% de acordo com a ficha técnica detalhada pelo cliente, e sugerirás alterações em tempo hábil, não no último momento.
- Respeitarás datas de entrega de amostras e produção, e quando possível, informarás mudanças em tempo hábil.
- Terás claro a diferença entre uma desculpa e uma explicação.
- Calcularás o preço de forma precisa e não voltarás atrás nas condições de negociação.
- Entenderás que, sem compliance, não há negócios com empresas americanas.
- Entenderás que precisas entregar produto e serviço excelentes!
No terceiro painel, a gerente comercial do IBTeC, Karin Becker afirmou que a conformidade com normas internacionais é essencial para realizar negócios com grandes marcas internacionais. “Sem isso, não há negócios”, destacou Karin, que também mencionou que o mercado americano é o segundo mais regulamentado do mundo e que a sustentabilidade será um fator indispensável no futuro.
O coordenador do Eixo Pessoas, Processos e Produtos do Pacto Calçadista, Oscar Bortolussi, ressaltou a importância da capacitação de profissionais e da preparação das empresas para garantir o sucesso organizacional, afirmando que “tudo começa e termina nas pessoas”.
Christian Thomas, também do Conselho Estratégico do Pacto Calçadista, defendeu que o calçado brasileiro deve buscar um reposicionamento no mercado norte-americano, focando em um nicho de preço superior ao ocupado por produtos asiáticos. Ele ressaltou que o Brasil pode competir em faixas de preço mais altas, entre US$ 200 e US$ 300, aproveitando diferenciais como lead-time reduzido, transit time eficiente e a participação em feiras internacionais.