“Invasão chinesa” preocupa setor calçadista brasileiro

Por Jonathan da Silva

A indústria calçadista brasileira encerrou agosto com saldo positivo de 12,4 mil novos postos de trabalho, totalizando 293 mil empregos no setor, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) baseados em registros do Ministério do Trabalho e Emprego. Apesar do crescimento de mais de 4% na produção até agosto, com 500 milhões de pares de calçados fabricados, o número de empregos ainda é 2,5% menor do que no mesmo período do ano passado. Além disso, uma “invasão chinesa” é vista com alarme pela entidade.

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, afirma que o crescimento da renda das famílias brasileiras impulsionou o mercado interno e contribuiu para a recuperação do setor. No entanto, Ferreira alertou para a ameaça representada pelo aumento das importações de calçados asiáticos, especialmente da China. Segundo ele, a prática de dumping, quando produtos são vendidos abaixo do preço de mercado, tem gerado concorrência desleal com a produção nacional. “Esses calçados entram no Brasil com valores subfaturados, o que prejudica a competitividade das empresas brasileiras”, pontua Ferreira.

Outro risco apontado pelo executivo é a possibilidade de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a China, o que poderia agravar a situação. “Seria uma tragédia se a China pudesse enviar seus produtos ao Brasil sem taxa de importação e sem a tarifa antidumping, que hoje é de US$ 10,22 por par. Isso colocaria em risco tanto os empregos quanto a própria existência da indústria calçadista brasileira”, conclui Ferreira.

Em termos regionais, o Rio Grande do Sul, principal empregador do setor, criou 1,6 mil empregos até agosto, somando 85,7 mil postos, uma redução de 4% em relação ao mesmo período de 2023. Já o Ceará foi o primeiro estado a recuperar as perdas de 2023, gerando mais de 3 mil postos até agosto e fechando o período com 68,3 mil empregos, um aumento de 0,7%. Na Bahia, foram criados mil postos até agosto, totalizando 40,8 mil empregos, uma queda de 4,8% em comparação com o ano anterior.

Empregos no setor por estado

  • Rio Grande do Sul: + 1,6 mil empregos entre janeiro e agosto / 85,8 mil empregos no total (-4% ante 2023)
  • Ceará: + 3 mil empregos entre janeiro e agosto / 68,3 mil empregos no total (+0,7% ante 2023)
  • Bahia: + 1 mil empregos entre janeiro e agosto / 40,8 mil empregos no total (-4,8% ante 2023)
  • São Paulo: + 4 mil empregos entre janeiro e agosto / 33,8 mil empregos no total (-0,8% ante 2023)
  • Brasil: + 12,4 mil empregos entre janeiro e agosto / 293 mil empregos no total (-2,5% ante 2023)
Foto: Abicalçados/Divulgação | Fonte: Assessoria
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