A elevação da taxa Selic para 12,25% ao ano, anunciada na quarta-feira (11) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi analisada por entidades empresariais como uma resposta à deterioração das expectativas de inflação e à condução da política fiscal. Tanto a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) quanto a Fecomércio-RS destacaram o impacto do cenário fiscal e cambial na decisão.
De acordo com o presidente da Fiergs, Claudio Bier, o aumento dos juros reflete a preocupação com a inflação projetada para 2025 e 2026. “A decisão do Banco Central de aumentar os juros para 12,25% reflete a maneira como o Executivo tem conduzido a política fiscal neste ano. O pacote de redução de gastos apresentado pelo Governo Federal não é suficiente para estabilizar a dívida pública, que atualmente chega a cerca de 80% do PIB brasileiro. Essa atitude refletiu na elevação das expectativas de inflação e gerou fortes impactos na taxa de câmbio, que atingiu suas máximas históricas”, afirmou o presidente da entidade.

Presidente da Fiergs, Claudio Bier
Bier avaliou que o movimento foi necessário para manter a credibilidade da política monetária e a estabilidade econômica no médio e longo prazos, mas ressaltou que a medida apresenta desafios para o setor produtivo. “Essa medida traz desafios significativos para as indústrias e os pequenos negócios, que já enfrentam elevadas pressões de custos”, concluiu o dirigente.
O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, também destacou o impacto do contexto fiscal e externo na decisão do Copom. “No ambiente externo, tanto os dados de atividade nos EUA quanto os resultados da eleição apontam para um cenário à frente com mais inflação, o que acaba contratando taxas de juros mais altas, com reflexos sobre a cotação da moeda americana. No âmbito interno, a insuficiência do pacote fiscal em endereçar uma viabilização estrutural do arcabouço fiscal, somado ao anúncio de isenção do imposto de renda para pessoas com renda mensal de até R$ 5 mil, tornaram claro que não existe um compromisso genuíno com o equilíbrio fiscal”, explicou Bohn.

Presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn
Segundo o dirigente da federação, a pressão inflacionária e a deterioração da curva de juros exigiram uma resposta da política monetária. “Enquanto o fiscal não fizer a sua parte, a política monetária vai ter esse gosto cada vez mais amargo. O Brasil já deveria ter aprendido a lição de que finanças públicas desequilibradas cobram, cedo ou tarde, o seu preço. A conta está chegando”, concluiu Bohn.
As duas entidades concordaram que, embora a elevação da Selic busque conter as pressões inflacionárias e preservar a credibilidade econômica, o aumento impõe desafios adicionais ao setor produtivo, já impactado por altos custos financeiros.