Indústria gaúcha se recupera parcialmente de perdas das enchentes

Por Jonathan da Silva

A indústria gaúcha teve um crescimento de 9,9% em junho, recuperando parcialmente a perda de 11,6% registrada em maio, durante as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (8) em pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).

O presidente da Fiergs, Claudio Bier, avalia que o setor industrial já encarava situação difícil antes mesmo da calamidade e que ela gerou um agravamento. “Agora, além dos danos mais duradouros causados pelas enchentes, sofremos ainda com o cenário econômico doméstico, carregado de incerteza com relação à política fiscal, e que piorou a partir da interrupção no ciclo de redução dos juros e com a instabilidade cambial. Isso dificulta a recuperação das empresas e, como consequência, nos prejudica na tentativa de reconstrução imediata do Rio Grande do Sul”, pontua Bier.

Detalhes dos resultados

O Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS) da Fiergs mostra que, tal qual no mês anterior, a atividade industrial em junho foi impactada pelos componentes ‘faturamento real’ e ‘compras industriais’. Estes cresceram, respectivamente, 14,2% e 37,7%, após caírem, na mesma ordem, 19% e 29,9%, em maio. Na mesma base de comparação, a indústria gaúcha utilizou 81% de sua capacidade instalada (UCI) em junho, um aumento de 5% sobre maio. As horas trabalhadas na produção cresceram 1,4% após queda de 1,6% no mês anterior. O emprego ficou praticamente estável, com queda de apenas 0,1%, e a massa salarial real recuou 2%.

Na comparação anual com junho de 2023, os resultados são predominantemente negativos. O IDI-RS recuou 1,6%, com quatro dos seis componentes em queda, com destaque para o faturamento real que caiu 4,5% e para as compras industriais, que reduziram 4,2%. Junho de 2024, todavia, teve um dia útil a menos do que o mesmo mês de 2023, 20 ante 21.

Analisados os primeiros semestres de 2024 e de 2023, o IDI-RS teve uma queda de 3,4%. Entre os indicadores que o compõem, mais uma vez o faturamento real e as compras industriais se destacaram como as perdas mais intensas no acumulado de janeiro a junho, 5,8% e 9,5%, respectivamente. Também sofreram recuo as horas trabalhadas na produção (-3,3%) e o emprego (-1,5%), enquanto aumentaram a UCI (0,6%) e a massa salarial real (3,2%).

Em 12 dos 16 segmentos incluídos na pesquisa de junho da Fiergs, o cenário ficou negativo, com o nível de atividade tendo recuado na comparação entre o primeiro semestre de 2024 e o de 2023. A queda mais impactante foi a de Máquinas e equipamentos, com redução de 14,4%. Outras participações negativas em destaque foram de Couros e calçados, redução de 4,8%, de Alimentos, queda de 1,9%, e de Equipamentos de informática e eletrônicos, com recuo de 10,6%. Já entre os quatro segmentos ­com crescimento na atividade industrial no ano, o de Veículos automotores forneceu a maior contribuição positiva, subindo 9,4%, e o de Móveis também teve destaque, com crescimento de 6,4%.

Os detalhes da pesquisa completa podem ser conferidos em observatoriodaindustriars.org.br.

Foto: Freepik/Divulgação | Fonte: Assessoria
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