Entidades alertam para impacto do aumento da taxa Selic na indústria gaúcha

Por Jonathan da Silva

O recente aumento da taxa Selic para 11,25% ao ano, promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, gerou preocupações entre a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), que alertaram sobre os desafios impostos ao setor produtivo e ao mercado no estado. O presidente da Fiergs, Claudio Bier, afirmou que a medida cria obstáculos adicionais para a indústria gaúcha, enquanto o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, destacou os impactos econômicos da alta de juros em um cenário interno e externo ainda incerto.

Segundo Bier, a elevação da taxa representa um obstáculo adicional para o setor produtivo, que já enfrenta custos elevados decorrentes da instabilidade cambial e das dificuldades na retomada econômica após os danos causados pelas enchentes. “O aumento dos juros é uma medida para reduzir a inflação e estabilizar as expectativas, mas não aprovamos esta alta, que é muito prejudicial ao setor industrial”, enfatizou o presidente da entidade.

O dirigente da Fiergs destacou ainda que o compromisso com o novo arcabouço fiscal e uma diminuição das incertezas no cenário internacional podem, no futuro, viabilizar uma política monetária menos restritiva.

Bohn, contextualizou a elevação dos juros diante de um cenário econômico complexo. “Esta alta já havia sido antecipada. Hoje seguimos com um cenário de atividade econômica nacional ainda muito resiliente e um mercado de trabalho que surpreende na geração de vagas. Essa conjuntura ajuda a explicar o porquê do lado da inflação não ter havido melhoras desde a última reunião,” comentou o presidente da federação.

O líder da Fecomércio também mencionou incertezas quanto ao controle de gastos pelo governo, a condução da política monetária sob nova presidência do Banco Central e impactos internacionais como as eleições americanas e a situação econômica da China. “O aumento de 0,50 p.p., além de diminuir o ímpeto de demanda, reduzindo a inflação corrente, busca contribuir para a reancoragem das expectativas, via ganho de credibilidade. Mas isso vem a um custo alto… Esse aumento da taxa de juros tem um impacto relevante sobre famílias e empresas, especialmente no caso do Rio Grande do Sul que ainda luta para se reconstruir”, afirmou Bohn.

Os representantes reforçam a necessidade de medidas adicionais para mitigar os impactos dos juros elevados e facilitar uma recuperação econômica sustentável no estado.

Foto: Dudu Leal/Divulgação | Fonte: Assessoria
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