Um terço da população de Santa Cruz do Sul está com nome negativado

Por Jonathan da Silva

Santa Cruz do Sul fechou o mês de maio com 32% de seus consumidores inadimplentes, de acordo com levantamento do birô de crédito Equifax Boa Vista utilizado pelo Sindicato do Comércio Varejista de Santa Cruz do Sul e Região (Sindilojas-VRP). O dado indica que, a cada três moradores adultos, ao menos um tem restrições no CPF.

O índice representa alta de 10,73% na comparação com maio de 2024, quando a inadimplência estava em 28,9%. Segundo a executiva do Sindilojas-VRP, Gicele de Arruda, a elevação ocorre de forma consistente desde o fim do ano passado. “É importante destacar que estes números começaram a subir entre o fim de 2024 e o início deste ano. Pelo segundo mês consecutivo registramos um índice mais alto de inadimplência, o que de fato preocupa muito a entidade”, destacou Gicele.

Entre abril e maio de 2025, o avanço foi de 0,63%, passando de 31,8% para 32%. No total, 31.515 CPFs estão negativados no município.

Perfil dos devedores

O levantamento mostra que a maioria dos inadimplentes são mulheres, com idades entre 30 e 34 anos, e renda per capita de meio a um salário mínimo. “Este perfil segue uma tendência local. Geralmente em Santa Cruz, a maioria dos consumidores negativados, ou com registros de inadimplência, são mulheres, nesta faixa de renda. O que varia um pouco, de tempos em tempos, é a idade média das consumidoras”, explicou Gicele.

Efeitos sobre a economia local

Para o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, a inadimplência restringe o consumo e desacelera o comércio. “Quem está negativado não tem acesso ao crédito e não consegue adquirir determinados produtos. Isso desacelera a economia como um todo, fazendo com que as vendas se movam de forma mais lenta”, destacou Frank.

O economista destacou que o índice local segue a tendência nacional, embora ainda abaixo da média brasileira, que foi de 33,2% em maio, e da média gaúcha, que chegou a 34,8%. “De uma maneira generalizada nós temos observado este comportamento, tanto que aparece nos indicadores econômicos gaúchos, que a inadimplência tem crescido no estado de maneira constante”, apontou o representante da CDL da capital.

Taxa de juros e inflação pressionam famílias

Entre os fatores que pressionam os consumidores, Oscar Frank citou a taxa básica de juros (Selic), fixada em 15% pelo Banco Central, e a inflação acumulada em 2025. “A principal razão da inadimplência passa pelos juros elevados. O cenário atual compromete o pagamento dos consumidores com estas taxas maiores, isso acaba virando uma alavanca para o crescimento da inadimplência”, avaliou o economista.

Frank ainda apontou que as incertezas do mercado nacional e internacional colaboram para o encarecimento do crédito e o aumento da inflação. “Uma das soluções para estancar a inadimplência passa essencialmente pela melhora da economia. O outro lado da moeda seria a existência de uma cultura da educação financeira. Ter um orçamento, um controle financeiro e revisitar isso, de tempo em tempo, é essencial”, concluiu o especialista.

Números da inadimplência

  • Maio de 2024: 28,9%
  • Maio de 2025: 32%
  • Variação anual: +10,73%
  • Variação mensal: +0,63%
  • CPFs negativados em Santa Cruz do Sul: 31.515
  • CPFs negativados no RS: 2,9 milhões
Foto: Bruno Pedry/Nascimento MKT/Divulgação | Fonte: Assessoria
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