A Federação das Câmaras de Comércio e de Serviços do Rio Grande do Sul (FCCS-RS) projetou, em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (10), um cenário econômico desafiador para 2026, com juros altos, câmbio pressionado e crescimento modesto do PIB. A entidade prevê que a taxa Selic deverá permanecer acima de 12%, o câmbio próximo de R$ 6,00 e o crescimento do PIB em torno de 1,5%.
O presidente da FCCS-RS, Vitor Augusto Koch, e o economista Gustavo Inácio de Moraes apresentaram a análise. Eles apontaram que a redução de juros pode se acelerar no segundo semestre de 2026, mas níveis inferiores a dois dígitos estão “fora de discussão”. “Lamentavelmente, problemas estruturais, como o crescimento de obrigações fiscais, a dificuldade de geração de poupança de fundos emprestáveis e uma carência de mão de obra qualificada compromete o crescimento da economia brasileira, obrigando a conviver com uma expectativa abaixo do seu potencial também em 2026, seja no contexto regional, bem como no nacional”, ressaltou o presidente Vitor Augusto Koch.
O economista Gustavo Inácio de Moraes destacou que a permanência de juros altos em 2025 afetará o mercado de trabalho e que eventuais reduções de juros poderiam causar novas desvalorizações do real. “Não se pode esperar, como tendência, novos recuos na taxa de câmbio, exceto por sinalizações advindas do cenário político. Eventuais reduções de juros, ademais, teriam como impacto novas desvalorizações do real devido a menores ganhos proporcionados pela renda fixa”, ressaltou Moraes.
Balanço do desempenho econômico em 2025
A FCCS-RS avaliou que, em 2025, o Brasil e o Rio Grande do Sul cresceram pouco devido à falta de mão de obra, ausência de políticas públicas proativas, infraestrutura precária e crédito caro. O crescimento do país foi projetado em cerca de 2,25%, enquanto no Rio Grande do Sul ficou em 1,6%. O comércio de bens não duráveis sustentou a atividade, enquanto os duráveis sofreram com juros altos. No estado, o setor de serviços teve desempenho negativo, perdendo atividades para outros estados. “Com juros altos e endividamento das famílias em alta, a contratação de crédito é dificultada., fazendo com que o segmento do comércio de bens duráveis e, portanto, de maior valor agregado tivesse, em 2025,um desempenho baixo nos estados do sul do Brasil”, expressou o presidente da entidade.
Desafios e estratégias para o comércio físico
Koch e Moraes também abordaram os desafios do comércio físico frente ao crescimento das compras online. Eles afirmaram que, para se manter competitivo, o comércio físico deve apostar na qualificação, fazer uso da inteligência artificial e pressionar por políticas públicas que ampliem o poder de compra da população. A entidade avalia que um comércio físico fortalecido poderá contribuir para a revitalização de cidades e bairros, estimulando a geração de renda e a circulação de pessoas.
Aspecto positivo citado para o consumo
Um aspecto positivo citado pela federação para 2026 é a isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais, o que, segundo a projeção, pode gerar uma expectativa de vendas um pouco mais robustas no comércio estadual.


