Advogado solicita abertura de inquérito contra o governo do Estado de São Paulo por dolo eventual

Por Gabrielle Pacheco

“Depois de pesquisar e consultar profissionais de diferentes áreas, envolvendo médicos, e colegas juristas, resolvi agir. Não só como advogado, profissão que exerço há quase 20 anos, mas principalmente como cidadão”. Essa é a afirmação de Daniel Toledo, advogado que solicitou a abertura de um inquérito contra o governo do Estado de São Paulo, para apurar dolo eventual na compra de equipamentos e condução de protocolos durante a pandemia do novo coronavírus.

Toledo garante que o intuito é fazer com que esses fatos sejam apurados e julgados de acordo com a justiça.” Acredito muito no trabalho da Polícia Judiciaria e no Ministério Público, que sempre atuou de forma extremamente técnica e precisa, quando munido de provas devidamente estruturadas”, acrescenta.

O Tribunal de Contas do Estado de SP já abriu uma investigação contra o governador pela compra de 3 mil respiradores adquiridos da China pelo preço de 40 mil dólares cada. Ocorre que o valor médio dessas máquinas, amplamente noticiado, varia entre 18 a 21 mil dólares, preço que a maioria dos países está pagando por esses respiradores. Algumas opiniões populares apontam ainda a declaração do Estado de Emergência para que essas compras fossem feitas sem licitação, sem cotações e de forma direcionada. “Eu, e assim como inúmeras outras pessoas, gostaríamos que tudo isso fosse investigado, esclarecido e responsabilizado. Não apenas pelo dinheiro que verte através desta torneira chamada Brasil, mas principalmente pelas mortes que podiam ter sido evitadas”, destaca Toledo.  

O governo Federal se preocupou com a possibilidade de superfaturamentos ou superprecificação de equipamentos e insumos médicos relacionados ao coronavírus. Por esse motivo, foi criada uma comissão específica de averiguação de compras, cotações e até compras coletivas, já que esse tipo de compra é mais vantajosa. Esse grupo conta com pessoas dos ministérios da saúde e justiça, do ministério público e também do Supremo Tribunal Federal para que juntos eles negociem e fiscalizem essas compras, evitando qualquer situação citada acima ou irregularidades. Infelizmente, o governador do estado de São Paulo se recusou a participar deste grupo e as  ações promovidas pelo Governo Federal.

“Por trabalhar com contratos internacionais, fui contatado por diversas pessoas vendendo máscaras, inclusive de clientes baseados na China, e por conta disso, anotei alguns valores dessas ofertas. O valor médio de cada máscara era de $ 0.35 (dólar) e eles estavam vendendo essas mesmas máscaras a um lote mínimo de 100 mil produtos por R$ 1.50 cada. Eu soube que a venda desses produtos chegou a ser feita por R$ 15 no mercado brasileiro”.

No dia 13 de maio, o governo do Estado de São Paulo admitiu que receberá menos da metade dos 3 mil respiradores adquiridos da china por $ 100 milhões (dólares). Porque isso? Como ocorreram algumas renegociações, a China fez leilão, o governo pagou com antecedência e não tinha controle e nem garantias desses contratos.

“Nós estamos protocolando agora o pedido de instauração de inquérito e eu espero que seja instaurado, para que ocorra a conclusão da investigação e vá para os responsáveis cabíveis, no caso o Ministério Público e então que essas pessoas sejam responsabilizadas. Nesse caso, se isso for comprovado, entendemos que é um crime doloso contra a vida. Os advogados, juristas e profissionais do direito sabem que os crimes dolosos contra a vida são competência do tribunal do júri, inclusive os crimes conexos, então se houver algum crime atrelado a esse como corrupção ativa ou passiva, prevaricação etc, eles também serão da mesma forma apreciados”, observa o advogado.

Uma vez que seja comprovado, os acusados seriam julgados por pessoas comuns.

Daniel Toledo é advogado da Toledo e Advogados Associados especializado em direito internacional, consultor de negócios internacionais e palestrante. Toledo também possui um canal no YouTube com mais de 64 mil seguidores, com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender internacionalmente.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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