Abicalçados lança sexta edição de relatório com dados do setor calçadista

Por Caren Souza

Pelo sexto ano consecutivo, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) lança o Relatório Setorial da Indústria de Calçados. A publicação, que traz dados completos e analisados do setor, no Brasil e no mundo, é considerada a fonte oficial de pesquisas da atividade no Brasil.

Entre os dados apresentados está a produção mundial de calçados, que somou 18,1 bilhões de pares no ano passado, 19% menos do que em 2019. A queda do consumo mundial puxou o indicador, já que caiu 19,7% ante o ano anterior (para 16,6 bilhões de pares). Os principais produtores seguiram sendo os países asiáticos, China (52% de market share), Índia (13,6%) e Vietnã (7%). O Brasil é o quarto principal produtor mundial, com 4,2% de market share.

Brasil

Assim como no âmbito mundial, o setor calçadista brasileiro foi fortemente impactado pela pandemia do novo coronavírus, especialmente pelo fechamento do comércio, que responde por mais de 85% do total das vendas de calçados verde-amarelos.

No ano passado, as 5,6 mil empresas brasileiras de calçados fabricaram 763,7 milhões de pares, 18,4% menos do que em 2019. O resultado teve impacto determinante do comportamento do mercado interno, que despencou 18,6% (691 milhões de pares consumidos). Os principais estados produtores do Brasil foram: Ceará (203,9 milhões de pares, queda de 10,6% ante 2019); Rio Grande do Sul (161,8 milhões de pares, queda de 26,9% ante 2019); e Minas Gerais (122 milhões de pares, queda de 17,9% ante 2019).

O Relatório informa, ainda, que no ápice da pandemia, em maio e junho do ano passado, as fábricas de calçados chegaram a trabalhar com apenas 30% da capacidade instalada. Com a melhora no segundo semestre, o número melhorou, fechando o ano em 60,4%, número bem abaixo do registrado na Indústria de Transformação (76,4%).

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, explica que o setor calçadista brasileiro foi o mais afetado no âmbito da indústria nacional, especialmente pela sua forte dependência do mercado interno. Ele ressalta que, a partir da recuperação, advinda da vacinação contra a Covid-19, a expectativa é de um crescimento de 12% na produção em 2021. O crescimento deve ser impulsionado pelo incremento das exportações, que caíram 18,6% em volume no ano passado (para 93,8 milhões de pares). A expectativa é de que os embarques aumentem 13% e o consumo doméstico 7%. “Ainda assim encerraremos 2021 com produção e exportações menores do que as registradas em 2019, 8,5% e 8,2%, respectivamente”, projeta.

Empregos

A queda nos indicadores produtivos teve impacto nos empregos do setor calçadista. No ano passado, foram perdidos 21 mil postos de trabalho, com a atividade encerrando o ano empregando diretamente 247,4 mil pessoas (8% menos do que em 2019).

Entre os estados que mais empregam no Brasil, o Rio Grande do Sul (75,7 mil postos) perdeu 13,2% do seu estoque de emprego em relação a 2019. Já o Ceará, segundo maior empregador do setor no País (58,9 mil postos), fechou o ano empregando 5,2% mais do que em 2019. A previsão é de que, com a retomada gradual do setor em 2021, a atividade encerre o ano empregando 5,7% mais pessoas do que no ano passado. “Ainda assim não recuperaremos as perdas de 2020, encerrando com 2,7% menos postos de trabalho do que em 2019”, projeta o executivo.

Produtividade

Outro levantamento destaque no Relatório é o que mede a produtividade da indústria brasileira de calçados. “Os números evidenciam que os principais problemas de competitividade brasileira não são intramuros, mas dependem de fatores externos. A indústria faz a lição de casa”, avalia Ferreira.

Conforme o Relatório, no Brasil cada trabalhador produz 3.480 pares por ano, mais do que seus concorrentes diretos no cenário internacional (China 3.361 por trabalhador; Indonésia 1.991 por trabalhador; Índia 1.380 por trabalhador; e Vietnã 920 por trabalhador). “A indústria brasileira sofre com um custo de produção muito mais elevado do que outros países, especialmente no que diz respeito à carga tributária e à falta de políticas públicas de incentivo”, acrescenta Ferreira.

O Relatório Setorial da Indústria de Calçados tem o objetivo de auxiliar as empresas na tomada de decisões, contando com dados completos da atividade, projeções e análises para curto e médio prazos. O material pode ser baixado gratuitamente no site http://abicalcados.com.br/publicacoes/relatorio-setorial.

Fonte: Assessoria
Publicidade

Você também pode gostar

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.