Jovens estagiários e aprendizes querem aprender com a experiência de profissionais já consolidados no mercado de trabalho. Essa é a principal constatação de uma pesquisa realizada pelo Centro de Integração Empresa Escola do Rio Grande do Sul (CIEE-RS), que mostrou que 95,3% dos participantes têm interesse em ingressar em programas de mentoria.
O levantamento reforça que o estímulo ao desenvolvimento profissional por meio de iniciativas oferecidas pelas próprias empresas é um caminho promissor para preparar os futuros talentos. O estudo foi realizado online, com 601 respondentes — sendo 87% jovens e 13% representantes de empresas. A margem de erro é de 4% e o nível de confiança, de 95%.
“A pesquisa demonstra o quanto as mentorias são valorizadas pelos jovens e reconhecidas pelas empresas como uma forma eficaz de acelerar o desenvolvimento profissional. No CIEE-RS, entendemos que este é um espaço privilegiado de troca, onde a experiência encontra o potencial, gerando oportunidades de crescimento para ambos os lados”, destaca o CEO do CIEE-RS, Lucas Baldisserotto.
Jovens buscam apoio para enfrentar desafios
Apesar de 68,7% afirmarem sentir-se preparados para o mercado de trabalho, quase 30% ainda demonstram insegurança diante dos desafios profissionais e 2% não se consideram prontos. Diante disso, nove em cada dez jovens aceitariam participar de mentorias gratuitas.
Entre os temas mais desejados estão:
Desenvolvimento de carreira (21%)
Inteligência emocional (15%)
Comunicação e oratória (14%)
Planejamento financeiro e pessoal (14%)
Gestão do tempo e produtividade (12%)
Liderança e protagonismo (10%)
Empregabilidade (9%)
Quanto ao formato, 36% preferem mentorias individuais, 29% optam por atividades em grupo e 35% acreditam que o conteúdo é mais importante do que a modalidade. Outras formas de aprendizado também foram mencionadas: cursos online gravados (19%), oficinas presenciais (14%), imersões (11%), trilhas de desenvolvimento (10%) e workshops práticos (9%).
Empresas se mostram dispostas a investir em mentorias
A pesquisa indica que as empresas começam a enxergar a mentoria como uma estratégia relevante para formar e reter talentos. Mais da metade (57%) reconhece valor em oferecer esse tipo de programa, e a preferência majoritária (37%) recai sobre modelos híbridos — combinando encontros individuais e coletivos —, o que reforça a busca por equilíbrio entre personalização e escala.
Apesar disso, ainda existe cautela: quando o assunto é investimento externo, 65,8% das organizações responderam “talvez”, sinalizando abertura, mas também incerteza quanto a recursos. Outras 31,6% não veem viabilidade no momento e apenas 2,5% contratariam desde que houvesse bom custo-benefício. O dado revela que a mentoria é bem aceita no discurso, mas ainda precisa consolidar seu espaço como prioridade orçamentária.
Hoje, 53% das empresas já promovem iniciativas específicas de desenvolvimento para estagiários e aprendizes. Entre as mais citadas estão vivências e imersões (21%), cursos online (14%), mentorias estruturadas (14%) e palestras ou bate-papos (13%).
Os temas priorizados apontam para uma forte ênfase nas chamadas soft skills: comunicação e relacionamento (19%), postura profissional e ética (19%), protagonismo e responsabilidade (17%), gestão do tempo e produtividade (15%) e inteligência emocional e resiliência (14%).
Esses números mostram que, ao mesmo tempo em que as organizações já oferecem ações pontuais, há espaço para consolidar a mentoria como ferramenta estruturada de desenvolvimento. O movimento parece responder tanto às demandas dos jovens por orientação quanto à necessidade das empresas de preparar profissionais mais adaptáveis e resilientes em um mercado cada vez mais dinâmico.


