O poder da maternidade: lições de liderança que os MBAs não ensinam

Por Marina Klein Telles

Administrar uma empresa não é simples — e conciliar isso com a maternidade pode ser ainda mais desafiador. Mas é justamente no dia a dia com os filhos que muitas mães desenvolvem habilidades valiosas para liderar. Práticas como escuta ativa, sensibilidade nas decisões e cuidado com o outro, comuns em casa, fazem toda a diferença na gestão de uma equipe.

A partir de experiências reais, essas 17 líderes contam como a maternidade proporcionou práticas valiosas para uma boa gestão que nenhum MBA ensina:

É importante estabelecer limites claros, mas também acolher, orientar e celebrar cada conquista, por menor que pareça”

Valéria Matos 56, mãe de Thais (29) e Camilla (23) é franqueada Lavô, maior rede de lavanderias self-service do país

Valéria atuou no mercado financeiro por 37 anos, aposentou-se em 2023 e atualmente se dedica em tempo integral à gestão de duas unidades da rede, em Nova Friburgo (RJ). Para ela, liderar é como educar: exige paciência, constância e muito exemplo. “A maternidade, especialmente quando vivida durante a construção da carreira, me ensinou a importância do planejamento em todos os aspectos da vida. Aprendi a pensar no longo prazo, a montar estratégias com margem para imprevistos e a tomar decisões considerando não apenas o presente, mas também o impacto futuro — habilidades que aplico diretamente na gestão financeira e estratégica da unidade. A experiência de ser mãe me tornou mais sensível às demandas humanas, mais eficiente no uso dos recursos e mais resiliente diante dos desafios. Meu conselho de liderança com olhar materno seria: cuide das pessoas como você cuida da sua casa — com atenção, escuta e presença. Assim como fazemos com os filhos, é importante estabelecer limites claros, mas também acolher, orientar e celebrar cada conquista, por menor que pareça”, afirma.

 

Nenhum MBA te prepara para lidar com a complexidade das relações humanas”

Vanessa Hackmann, 47 anos, mãe do Antônio Carlos (31), Jéssica (30) e Abner (19), é franqueada da 3i Residencial Sênior, rede de residenciais sênior para idosos lúcidos e não-lúcidos

Há cerca de 10 anos, Vanessa Hackmann conheceu a 3i Residencial Sênior, onde iniciou sua trajetória como técnica de enfermagem e teve os primeiros contatos com Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), antes de se tornar franqueada da rede em 2022. Para Vanessa, a maternidade foi sua maior escola. “Ser mãe me ensinou a importância de ser um exemplo para quem está ao nosso lado”, reflete. Ela conta que se emociona ao ver nos filhos mais velhos os mesmos valores que agora transmitem às suas netas. “Nenhum MBA te prepara para lidar com a complexidade das relações humanas. Como mãe de três, aprendi a reconhecer as particularidades de cada um e a responder com sensibilidade às diferentes situações”. No mundo dos negócios, ela leva essa mesma filosofia: agir com justiça, assumir os próprios erros e buscar constante evolução. “Na criação dos filhos, temos o dever de fazer o certo. No empreendedorismo, o princípio é o mesmo. Errar faz parte, mas reconhecer e corrigir é essencial”, conclui.

A maternidade me ensinou que o não pode ser dito com amor”

Rosane Argenta, 48 anos, mãe de Ana (17) e Pietro (13), é sócia-fundadora e CEO da Saúde Livre Vacinas, rede de clínicas de vacinação para todas as faixa etárias

Após enfrentar dificuldades para encontrar vacinas complementares para os filhos, Rosane ao lado do marido, Fábio Argenta, decidiram empreender no ramo e criar a Saúde Livre Vacinas. Hoje, como CEO da rede de clínicas de vacinação, Rosane reflete que, assim como liderar, ser mãe vai muito além dos momentos bonitos — é um papel que exige responsabilidade e dedicação. “Nem sempre o que a maioria deseja é o melhor para todos. Tanto na maternidade quanto na liderança, é preciso tomar decisões pensando no bem comum”, destaca. Para ela, o verdadeiro papel de uma líder é pensar no bem coletivo, mesmo que isso signifique ir contra a maioria. Além disso, a empresária acredita que a maternidade a ensinou a dizer ‘não’ com amor. “Tanto em casa quanto no trabalho, é essencial ter um olhar cuidadoso para as decisões. Posso divergir de opiniões, mas explico com clareza por que acredito que outro caminho será melhor”, conclui.

Ser mãe me ensinou que, às vezes, o melhor plano é o que se adapta ao imprevisto, com sensibilidade e firmeza”

Roberta Bellumat, 40, mãe do Bernardo (4) é Sócia e Diretora Executiva da Padrão Enfermagem, rede especializada no agenciamento de profissionais da área da saúde

A maternidade de Roberta começou em um período desafiador: a pandemia. Hoje sócia da rede, a executiva afirma que desde então o maternar lhe trouxe a percepção de que equilíbrio não é sobre fazer tudo ao mesmo tempo, mas sobre estar inteira em cada momento. “A maternidade nos ensina a observar mais, julgar menos e agir com empatia — e isso é extremamente valioso no ambiente corporativo. Já tive situações em que uma escuta atenta e um olhar mais humano evitaram conflitos ou reverteram decisões precipitadas. Ser mãe me ensinou que, às vezes, o melhor plano é o que se adapta ao imprevisto, com sensibilidade e firmeza. Ser mãe e empreendedora é viver equilibrando mundos — e encontrar força justamente nesse equilíbrio. Bernardo nasceu no meio do caos da pandemia, e foi com ele que aprendi que é possível crescer nos dois papeis com amor, estratégia e presença. Hoje, somos muitos: eu, ele e as marcas que construímos com propósito”, destaca a empresária.

Ser mãe é nunca saber o que vem pela frente e essa questão de lidar com o imprevisível também pode ser aplicada nos negócios, os tornando mais leves”

Vanessa Worthington  34, mãe do Theo (4) e Ravi (1) é franqueada CleanNew, rede de higienização e conservação de estofados

Mãe do Theo e do Ravi e na gestão da franquia em Curitiba e Londrina (PR) há seis anos, Vanessa acredita que o toque materno trouxe para o negócio experiências que somente podem ser aprendidas na prática. “A maternidade torna tudo mais flexível, temos a capacidade de resolver problemas e desafios de maneira real e natural.  Por mais que eu tenha estudado, feito faculdade e até aberto negócios, a verdade é que nada na vida é tão intenso e transformador como a maternidade. Ser mãe é nunca saber o que vem pela frente e essa questão de lidar com o imprevisível também pode ser aplicada nos negócios, os tornando mais leves. Maternar me trouxe aprendizados que curso nenhum daria, principalmente na questão da flexibilidade, adaptação a situações inusitadas e controle emocional diante dos desafios”, ressalta.

Liderar uma empresa é como cuidar de uma família: exige escuta, confiança e muito amor”

Sônia Ramos, 79 anos, mãe do Eduardo (57), Fabrício (52), Daniel (43) e Rafael (41), é fundadora da Casa de Bolos, maior rede de franquias de bolos do Brasil e pioneira no segmento

Aos 64 anos, Sônia Ramos, carinhosamente conhecida como Vó Sônia, precisou tomar uma atitude empreendedora para ajudar nas despesas de casa. Após a demissão do filho caçula, ela viu no hábito de se reunir à mesa uma chance de empreender e começou a vender os bolos caseiros, assim nasceu a Casa de Bolos. Com a vivência de aprendizados diários, Vó Sônia traz consigo uma riqueza de conhecimento e sabedoria. “Como mãe e líder, aprendi que para liderar, é preciso ter espírito de aprendizagem. Nós temos muito o que aprender com os filhos e as gerações mais novas, até porque cada uma traz consigo uma experiência e uma perspectiva diferente da vida. Além disso, é essencial saber delegar e confiar, nenhum negócio se constrói com apenas uma pessoa, por isso, são ações primordiais para a formação de uma boa equipe. E, por fim, é ter perseverança, acreditar no potencial e na força de trabalho que está dedicando ao empreendedorismo. Liderar uma empresa é como cuidar de uma família: exige escuta, confiança e muito amor”, comenta.

A maternidade me fez uma líder mais sensível e adaptável”

Gabriela Nakashima (43), mãe Liam (9), do Noah, (5) franqueada da 3,2,1 GO!,  rede de franquias especializada em oferecer experiências de viagens completas para os parques de Orlando e outros destinos nacionais e internacionais.

A empreendedora conta que ser mãe de dois filhos ensinou a liderar com empatia, resiliência e escuta ativa, coisa que nenhuma MBA ensina na prática: “aprendi que cada pessoa — ou criança — tem seu tempo, suas motivações e seu jeito de aprender e se desenvolver. Isso me fez uma líder mais sensível e adaptável. Na maternidade, a gente aprende a lidar com o inesperado, a planejar e ao mesmo tempo ser flexível, a tomar decisões com base em valores e não só em números. Tudo isso aplico na franquia: desde a forma como atendo meus clientes até como me organizo, cuido da marca e busco crescer com propósito. MBA nenhum te prepara para a intensidade emocional e a responsabilidade que é guiar outros seres humano”, disse a franqueada de 3, 2, 1 GO!. Tanto empreender quanto ser mãe exige coragem, paciência, habilidade de negociação e, acima de tudo, amor. Ambas as experiências envolvem cuidar, orientar, tomar decisões difíceis e celebrar conquistas — pequenas e grandes, segundo Gabriela.

Fotos: Divulgação | Fonte: Assessoria
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