A Fundação Iberê vai homenagear o Grupo de Bagé com uma exposição a partir de 30 de novembro. De agosto até a abertura da mostra, serão realizadas diversas atividades gratuitas sobre a história de um dos grupos artísticos relevantes do país, formado por quatro jovens que tinham a necessidade de expressar seus traços e pensamentos sobre o mundo e a própria vida: Carlos Scliar, Danúbio Gonçalves, Glauco Rodrigues e Glênio Bianchetti.
No dia 10 de agosto (sábado), será exibido o documentário “Grupo de Bagé”, de Zeca Brito, seguido de bate-papo com o diretor e o cineasta e historiador da arte Giordano Gio. O longa-metragem destaca a trajetória e o legado dos pintores e gravadores gaúchos Carlos Scliar (1920–2001), Danúbio Gonçalves (1925–2019), Glauco Rodrigues (1929–2004) e Glênio Bianchetti (1928–2014), nomes de frente de um movimento artístico surgido nos anos 1940 que alcançou projeção nacional com trabalhos abordando temáticas realistas e de denúncia social.
O documentário conta com depoimentos de teóricos como Néstor García Canclini e Nicolas Bourriaud e de artistas plásticos que incluem Anico Herskovits e Cildo Meireles, entre outros, que investigam a trajetória do grupo. “Buscamos recuperar e compreender os elementos que estabeleceram as condições para que os jovens artistas alcançassem uma identidade estética própria e, cada um a sua maneira, conduzissem os ideais e as características artísticas e políticas do grupo que criaram”, destaca o diretor.
Da fronteira para o mundo
Tudo começou em 1945, quando Glênio ganhou as primeiras tintas a óleo, as mesmas com que Glauco pintou seu primeiro quadro: “Moinho ao Pôr do Sol”. Em visita a Bagé e à casa do amigo escritor Pedro Wayne, o pintor José Moraes não só se encantou com o trabalho dos guris, como ministrou aulas de pintura a óleo e os influenciou a arte moderna europeia relativa às primeiras décadas do século XX.
Neste mesmo ano, o artista Carlos Scliar reuniu-se ao grupo, e, em 1948, foi a vez de Danúbio Gonçalves, que estudava no Rio de Janeiro, conhecia a Europa e já havia exposto em Bagé com temática social. Juntos eles criaram o Ateliê Coletivo de Artes Plásticas, onde passavam horas estudando formas humanas, mergulhando fundo nos livros de arte e desenhando paisagens. Influenciados por Scliar, eles se dedicaram à gravura. E foi por meio dela que os quatro se popularizaram, exatamente como preconiza esse tipo de método que possibilita a reprodução das obras.
Também por influência de Scliar, então militante do Partido Comunista, passaram a retratar a vida dos trabalhadores das estâncias gaúchas. Os artistas visavam uma arte voltada para o social, com uma finalidade focada no homem. Uma arte com função social e democrática, sempre pronta para denunciar as mazelas políticas e sociais, batendo direto no conceito da arte pela arte, visando uma arte dirigida ao ser humano.
O Grupo de Bagé serviu de estímulo para que surgissem vários clubes de gravura pelo país nos anos de 1950 e de 1960. A gravura foi e continua sendo uma das expressões artísticas de destaque no panorama das artes plásticas do Brasil e no exterior.
Serviço
O quê: Exibição do documentário “Grupo de Bagé”
Quando: 10 de agosto, sábado, às 16h
Onde: auditório da Fundação Iberê
Quanto: entrada franca