Ao todo, 99.750 pessoas de 133 municípios em todos os estados brasileiros serão testadas para o coronavírus. A pesquisa, que irá medir a proporção de pessoas com anticorpos para a doença, é o maior estudo em nível mundial de prevalência da Covid-19. O Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas coordena estudo que irá medir a prevalência do coronavírus e avaliar a velocidade de expansão da doença no país, com financiamento do Ministério da Saúde do Brasil.
A pesquisa irá estimar a proporção de pessoas com anticorpos para a Covid-19 e analisar a evolução de casos na população brasileira, por meio de uma amostragem de participantes em 133 “cidades sentinelas”, que são os maiores municípios das divisões demográficas do país, de acordo com critério do IBGE.
“Todas as estatísticas oficiais são baseadas em casos confirmados, os quais representam apenas uma parcela, provavelmente ínfima, em comparação com a realidade do número de casos na população. Por isso, fazemos a analogia com o iceberg. Queremos enxergar para além dessa pequena parte aparente, que são os casos notificados, e conhecer a real proporção de pessoas atingidas pela infecção”, explica o coordenador geral o estudo e reitor da UFPel, Pedro Hallal.
O estudo ainda irá determinar o percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas; avaliar os sintomas mais comuns; obter cálculos precisos da letalidade da doença; estimar recursos hospitalares necessários para o enfrentamento da pandemia, além de permitir o desenho de estratégias de abrandamento das medidas de distanciamento social com base em evidências científicas.
A pesquisa incluirá três inquéritos populacionais, realizados a cada duas semanas por meio de visitas domiciliares, conduzidas por equipes do IBOPE.
A primeira fase inicia nesta quinta-feira, 14, com a realização de testes rápidos para o coronavírus e entrevistas com 250 participantes em cada uma das 133 cidades. As pessoas serão entrevistadas e testadas em casa, por meio de um sorteio aleatório, utilizando os setores censitários do IBGE como base. Os agentes da pesquisa coletam uma amostra de sangue (uma gota) da ponta do dedo do participante, que será analisada pelo aparelho de teste em aproximadamente 15 minutos. Se o resultado for positivo, os profissionais entregam um informativo com orientações e repassam o contato do participante para acompanhamento e suporte da secretaria de saúde do município.
O teste utilizado avalia anticorpos produzidos pelo organismo após a infecção de cerca de duas semanas antes da coleta e não identifica o vírus ativo logo após o contágio. Este teste foi recentemente avaliado como uns dos melhores no mercado atual.
O cronograma da pesquisa prevê mais duas fases, com coletas de dados previstas para os dias 28 e 29 de maio, na 2ª fase, e 11 e 13 de junho, na 3ª fase. Ao final, terão sido realizados mais de 33 mil testes em cada uma das três fases, intercaladas por duas semanas, totalizando quase 100 mil pessoas.
Os dados coletados também servirão de base para investigações sobre perfil demográfico e socioeconômico, sintomas relacionados à Covid-19, diagnóstico médico de enfermidades potencialmente relacionadas ao prognóstico da doença, uso de serviços de saúde e grau de cumprimento das recomendações de distanciamento social.