Depressão e suicídio são temas de debate na Câmara de Vereadores

Por Marcel Vogt

A manhã desta quarta-feira (3), foi de debates e reflexão na Câmara de Vereadores, por ocasião do II Simpósio Prevenção é a Solução. Promovido pela Comissão de Prevenção à Depressão e Drogas, da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), em conjunto com a Assembleia Legislativa e município de Santa Cruz do Sul, o encontro reuniu professores, estudantes e comunidade em geral.

Já tive períodos de depressão e é muito bom poder ouvir algo diferente sobre isso.

O evento foi conduzido pelos integrantes da Comissão da Unale, deputados estaduais Elizandro Silva de Freitas Sabino, do Rio Grande do Sul, João Luiz Almeida da Silva, do Amazonas, e Alexandre Amaro, do Paraná.

Em seu pronunciamento, a prefeita Helena Hermany saudou a todos e elencou as iniciativas do município com relação à prevenção ao suicídio e ao uso de drogas. “Em toda trajetória de minha vida pública, se tem algo que aprendi é dar valor para a prevenção. Prevenção é solução sim, pois ela é mais barata e muito mais eficaz. E principalmente quando a gente fala no combate às drogas e ao suicídio, ela é fundamental para construir uma sociedade mais saudável e equilibrada, afirmou.

Helena citou ainda as medidas preventivas realizadas pelo município. Referindo-se aos estudantes, exemplificou. “Temos 14 projetos nos bairros de Santa Cruz, realizados no turno inverso ao da escola, e queremos fazer escola de turno integral, porque a criança que está solta na rua, ociosa, ela fica a mercê de adultos mal intencionados”, declarou.

Como exemplo, ela mencionou o projeto de prevenção à violência Pacto Santa Cruz pela Paz, que tem como uma das ações o Todo Jovem Conta. “Esta iniciativa trabalha com dinâmicas da cultura da não violência e desenvolve as habilidades socioemocionais de nossos alunos, e faz um acompanhamento pessoal com aqueles que dão sinais de que têm algum problema”, afirmou.

A programação teve continuidade com a fala da vereadora do município de Porto Alegre, psicóloga Tanise Sabino, presidente da Frente Parlamentar de Promoção à Saúde Mental. Inicialmente ela se dirigiu aos alunos das Escolas Municipais de Santa Cruz, Santuário e Harmonia, presentes na plateia. “Se quisermos ir mais longe, se quisermos ter mais habilidades e se quisermos um desenvolvimento pessoal e profissional, tudo isso passa pela formação, pelo estudo, que bom que vocês também estão aqui”, comentou.

O tema suicídio, tabus e preconceitos norteou as primeiras explanações da psicóloga. “As pessoas comentam muito que não se pode falar sobre suicídio para não incentivar que outras pessoas façam o mesmo. Mas o suicídio só acontece quando a pessoa já tem uma pré-disposição, e estudos dizem que 90 por cento dos casos de suicídio poderiam ter sido evitados, se tivessem falado sobre o assunto”, afirmou.

Ela trouxe ainda os números de casos de suicídio. Segundo ela, a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo, e a cada 45 minutos, uma pessoa morre pela mesma causa no Brasil.  “São quase duas mil pessoas que morrem por suicídio por dia no mundo. Acontece mais mortes por suicídio, do que por homicídio, acidente de transporte e por guerra”, disse.

De acordo com ela, a morte por suicídio é mais frequente entre os jovens, de 15 a 29 anos. “As pesquisas também apontam que tem sido muito comum entre idosos”, disse. As mulheres, segundo ela, tentam mais vezes o suicídio, enquanto que os homens morrem três vezes mais pela mesma causa.

A palestrante também trouxe as situações de suicídio nas cidades. “Se a cada 100 mil habitantes ocorrer 10 suicídios, já é uma situação epidêmica”, disse. No mundo, de acordo com ela, a média de suicídios para cada 100 mil habitantes é de 10,5 por cento. No Brasil, segundo ela, a média é de 6,14 por cento. Já no Rio Grande do Sul, a média de casos é de 12,7, para cada 100 mil habitantes. “Nós gaúchos estamos em primeiro no ranking”, disse.

Conforme a vereadora, a cidade com mais casos no Estado é Venâncio Aires, com 23,5 por cento. “São várias as hipóteses que podem justificar que o Rio Grande do Sul apresente tantos casos. Pode ser o machismo, porque o suicídio acontece mais com os homens, porque eles têm mais dificuldade de buscar ajuda, e por outras motivações também. Mas é um problema sério de saúde pública”, constatou.

Depressão

O assunto depressão também foi abordado por ela. No Brasil, 11,5 milhões de pessoas sofrem de depressão. No mundo, para cada um homem, duas mulheres sofrem com a doença. “São pensamentos recorrentes sobre a morte, por isso muitas vezes o suicídio está relacionado com a depressão”, afirmou. E mencionou ainda: “Hoje em dia tudo parece ser depressão, mas nem sempre é. No caso de dúvidas sobre os sintomas, a orientação é sempre procurar ajuda médica ou psicológica”, explicou.

Pacto Santa Cruz pela Paz

Presentes no encontro estavam os estudantes de duas escolas do município. Cerca de 100 alunos dos anos finais das Emefs Santuário e Harmonia, instituições em que também trabalham o projeto Pacto pela Paz, prestigiaram o simpósio, acompanhados por seus professores.

Com 14 anos de idade, a estudante da Emef Santuário, Alicia de Souza, estava feliz por estar em um evento sobre o tema. “Já tive períodos de depressão e é muito bom poder ouvir algo diferente sobre isso”, afirmou.

Já as alunas da Emef Harmonia, Gabrielli Soder dos Santos e Raíssa dos Santos, ambas de 14 anos, escreveram juntas, em um papel, o que acharam da palestra. “Foi muito importante para que nós jovens possamos entender o quanto nossa vida tem valor e o quanto podemos ajudar nossos amigos quando estão com algum problema”, declararam.

Foto: Jaime Fredrich/Divulgação | Fonte: Assessoria
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