Câmara de Novo Hamburgo celebra aniversário da cidade com presença de ex-prefeitos e resgate da memória

Por Ester Ellwanger

Quando Novo Hamburgo deu seus primeiros passos, há 95 anos, a democracia representativa permitiu que em exatos dois meses já tomassem posse o chefe do Executivo e os parlamentares escolhidos na primeira eleição da cidade emancipada. O intendente Leopoldo Petry e os sete conselheiros, que desempenhavam papel equivalente aos vereadores da atualidade, foram responsáveis por definir as bases do município, que deixou de estar sob a tutela de São Leopoldo em 5 de abril de 1927. As conquistas subsequentes e os desafios enfrentados foram recontados em sessão solene da Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo na noite desta terça-feira, 29 de março, por cinco ex-prefeitos.

A cada um dos ex-dirigentes, foram entregues quadros que sinalizaram a homenagem pela contribuição ao município. O vice-prefeito Márcio Lüders, representando a prefeita Fátima Daudt, também recebeu um certificado com o reconhecimento do Legislativo. “Todos nós fizemos a nossa parte para poder avançar cada vez mais com a cidade. Mas tivemos um grande entrave que foi a pandemia da Covid-19, que está arrefecendo e, graças a isso, podemos nos reunir hoje aqui sem máscara. Os efeitos do coronavírus estão sendo sentidos no mundo todo. Mas é com muita alegria que estamos retomando a recuperação econômica e pretendemos fazer isso o mais rápido possível. O retorno do emprego é fundamental e salutar para enfrentar a crise que ainda nos assola”, sinalizou.

Antes de fazer um panorama da cidade, o vereador Gustavo Finck enalteceu em seu discurso a trajetória de cada um dos ex-prefeitos presentes. Outros representantes foram convidados, mas não puderam comparecer. “Tudo foi feito com muito carinho por todos vocês”, assinalou. Em sua fala, o autor da homenagem traçou a história do povoado que daria origem a Novo Hamburgo, ocupado inicialmente por índios, por açorianos e por uma população negra, vinda do sul do Estado no século XVIII e ainda escravizada. O parlamentar abordou também o legado deixado pelos imigrantes de origem germânica, que se instalaram a princípio nos arredores do que hoje é Hamburgo Velho.

“O movimento para a emancipação começou a se delinear no início dos anos 1920. E, em 5 de abril de 1927, a cidade se emancipa de São Leopoldo, período no qual a industrialização se acelerou, tornando-se um dos polos econômicos do Vale do Sinos. Tenho muito orgulho de ter nascido aqui e de meus filhos serem hamburguenses. Uma cidade pujante, de pessoas trabalhadoras e que se destaca pelo seu povo e sua história”, arrematou Finck, citando pontos turísticos importantes da cidade e ressaltando a honra pelo passado e a esperança de um futuro de prosperidade.

Durante o evento, foi exibido vídeo produzido pela TV Câmara de NH, no qual a partir dos relatos do professor e historiador Paulo Daniel Spolier, e do curador da Fundação Scheffel, Ângelo Reinheimer, foi possível conhecer um pouco das ações que antecederam a emancipação e o papel dos principais personagens da conquista. A Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo embalou a solenidade e reforçou a vocação musical do município que prezou desde os seus primórdios o canto coral e a formação artística.

 

Homenageados

Comandante do Executivo municipal de 1973 a 1977, Miguel Henrique Schmitz conduziu a cidade em um dos momentos mais prósperos economicamente, com a abertura de quase 600 novos estabelecimentos comerciais e aumento de 77% na geração de empregos. Foi da caneta dele que partiu a constituição da Fenac S/A no princípio do governo. Em seu pronunciamento, emocionado pela homenagem, disse que seu maior desafio como gestor foi ter vivenciado em sua administração um crescimento populacional expressivo – ao assumir o governo eram 80 mil habitantes e ao deixá-lo o número havia saltado para 120 mil.

No começo dos anos de 1990, Novo Hamburgo teve como chefe do principal posto do Executivo, Paulo Artur Ritzel, ladeado pelo vice Paulo Schüller. As dificuldades econômicas que atingiram a região à época devido a conjunturas nacionais e aos reflexos no setor coureiro calçadista levaram a cidade a se reinventar. “Eu tive a satisfação de ser prefeito desta linda e pujante Novo Hamburgo. Temos alguns problemas, mas estamos aqui para ajudar. Temos uma comunidade que luta e que vai auxiliar a cidade a crescer ainda mais”, destacou.

Natural da cidade do noroeste gaúcho Ilópolis, Cleonir Bassani, prefeito interino em 2005 e vice-prefeito de 2001 a 2004, reconheceu ter sido adotado por Novo Hamburgo. Ele reforçou que não agradeceria a honraria em seu nome, mas lembrando todos aqueles funcionários da prefeitura municipal e da Câmara que abraçaram os desafios impostos pelas gestões.

Ex-prefeito que representou a cidade nos anos de 2009 a 2013, Tarcísio Zimmermann apontou que é muito grato a Novo Hamburgo. Contou que chegou à cidade em 1989, como educador popular e sindical. “O maior e mais prazeroso desafio que enfrentei na minha vida pública foi ser prefeito. Uma cidade é o que o povo faz dela. Eu me orgulho dos projetos que realizamos. ”, disse o ex-prefeito. “Me orgulho que projetos que deixei estão sendo inaugurados ainda hoje, mas temos de lutar para recuperar espaços que perdemos”, salientou Zimmermann.

Parlamentar por quatro mandatos no Legislativo, o ex-vereador e guarda municipal Antonio Lucas falou sobre as similaridades e desafios vivenciados por ele. Natural da cidade catarinense de Galvão, Antonio Lucas, quatro vezes presidente da Câmara, descreveu o contentamento em ter tido a oportunidade de indicar como Cidadãos de Novo Hamburgo pessoas que, assim como ele, nasceram em outras localidades, mas fizeram sua carreira e trajetória em solo hamburguense.

Foto: Daniele Souza/Divulgação | Fonte: Assessoria
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