Abrigo de mulheres e crianças de Canoas recebe ação de cuidados com a saúde mental

Por Jonathan da Silva

Uma equipe multidisciplinar composta por três psicólogos, uma neuropsicopedagoga e um musicoterapeuta visitou um abrigo de mulheres e crianças na cidade de Canoas na última semana. O local recebe mulheres atingidas pelas enchentes e que passaram por situação de vulnerabilidade, precisando ter sua localização preservada. A visita teve como objetivo principal proporcionar suporte e conforto aos abrigados através de diversas atividades, que dão sequência ao trabalho realizado pelo Instituto Maranatha Centro Multidisciplinar em apoio aos atingidos pela catástrofe gaúcha.

Nossos colaboradores estão realizando ações de forma genuína em diversos abrigos, levando doações, arrecadadas em nosso espaço, e fazendo atividades de recreação com crianças. Assim, notamos as necessidades maiores de quem está lá e conseguimos pensar na importância de oferecer também escuta e acolhimento. Além disso, estamos abrigando em parte da nossa sede algumas pessoas que tiveram suas casas atingidas e tudo isso nos faz ver como doar tempo e carinho são essenciais para que se possa seguir em frente”, conta a CEO do Instituto Maranatha Centro Multidisciplinar, Nara Effel.

Nara explica como seu olhar chegou ao abrigo de mulheres e crianças. “Sabemos que essas mulheres passaram e seguem passando por muito sofrimento. Muitas delas já tinham histórias de superação diária antes mesmo de serem atingidas por essa triste enchente que assolou o Rio Grande do Sul. Antes de chegar a esse abrigo, elas sofreram abusos físicos e psicológicos e precisam de muito acolhimento. Juntos, podemos ser uma luz de esperança”, ressalta a CEO.

O Instituto Maranatha Centro Multidisciplinar dedicou parte da sua equipe de profissionais para realizar a ação. “No Instituto tratamos diariamente com crianças, cuidamos do desenvolvimento infantil, mas proporcionamos também suporte a toda a família. E esse funcionamento de acolhimento familiar é nossa filosofia. Então estendemos ela a essa ação. Neste abrigo, há crianças neurodiversas, porém, agora, todas estão passando por um momento muito difícil. Nossa ideia foi ir até lá e levar um momento de alívio emocional às crianças e às mães, pois temos consciência que o bem estar de um depende do bem estar do outro”, explica Nara.

Durante a ação, Rodrigo Dias de Souza, musicoterapeuta, Zenilda Kasper Drum, neuropsicopedagoga e César Augusto Marques dos Santos, psicólogo, realizaram oficinas de pedagogia com musicoterapia para 15 crianças e adolescentes, que atualmente estão no abrigo. As oficinas foram planejadas para oferecer um momento de alívio e alegria, utilizando a música como ferramenta terapêutica. “Notamos a reação espontânea de felicidade das crianças quando finalizamos a atividade e falamos que voltaríamos para ter esse momento com eles novamente”, conta César.

Para as mulheres abrigadas, a equipe do Instituto Maranatha Centro Multidisciplinar ofereceu acolhimento psicológico. Essa escuta ativa foi realizada pelas psicólogas Luiza Gaudio e Samara Beatriz da Silveira em um espaço separado para garantir mais privacidade e conforto às participantes. “A importância desse espaço reservado se dá pela necessidade dessas mulheres de expressarem suas dores e angústias sem a presença de seus filhos, já que muitas evitam demonstrar fragilidade na frente deles”, destaca Luiza.

Além disso, ao realizar a roda de escuta e acolhimento, as psicólogas relataram que as mulheres abrigadas vieram de diferentes bairros afetados pela enchente em Canoas, como Mathias Velho, Rio Branco e Harmonia. “Uma das coisas que notamos é que essas mulheres se sentem deslocadas na própria cidade. Muitas não estão acostumadas a sair do seu próprio bairro, e isso traz uma sensação de estar perdida, de não saber como voltar”, comenta Luiza Gaudio.

A psicóloga também relatou que muitas dessas mulheres mencionaram que a presença de seus filhos é o que as motiva a continuar vivendo, apesar de apresentarem quadros de angústia e ansiedade devido ao medo do incerto. “Elas dizem que precisam estar bem para que possam cuidar bem das crianças. Também tivemos retorno de gratidão por elas poderem ter esse momento individualizado, sem as crianças por perto, para poderem falar e desabafar”, acrescenta Luiza.

Para a manutenção da rotina no local, algumas das mulheres abrigadas também são voluntárias no próprio abrigo e buscam possibilitar um ambiente humanizado durante a estadia por lá. Um exemplo dessa humanização são as roupas que recebem de doação e expõe em uma espécie de brechó para que as abrigadas possam escolher o que mais agrada. “Com toda essa situação veio o desafio de sermos abrigo. Da mesma forma que essas famílias perderam tudo, elas têm uma necessidade de se sentir acolhidas. É um desafio diário, um desafio de organização, de manutenção e um desafio porque cada família traz uma história e essa história precisa ser desenrolada para a vida de todos poder continuar”, relata a coordenadora do abrigo, Rosângela Fiuza.

O Instituto Maranatha Centro Multidisciplinar continuará realizando visitas aos abrigos para proporcionar momentos de escuta e auxílio. Além disso, o instituto está planejando ações específicas para autistas, se engajando em atender às diversas necessidades da comunidade.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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