Um problema de saúde pública e que afeta as crianças não somente hoje, mas no futuro. O uso excessivo de telas foi um dos destaques na programação do primeiro dia de atividades do 39° Congresso Brasileiro de Pediatria que acontece no Centro de Eventos da FIERGS, em Porto Alegre (RS). O evento é uma realização da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS).
A presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Cristina Targa Ferreira, considera o uso excessivo de telas um problema sério levando a doenças crônicas não-transmissíveis do adulto como obesidade, hipertensão e doenças cardiovasculares.
“As crianças de hoje dormem menos e muito mal. O sono é prejudicado pelas mídias eletrônicas e isso interfere em vários aspectos da saúde como a obesidade e déficit de atenção, além de provocarem impactos no rendimento escolar, por exemplo”, afirmou.
A pediatra Susana Estefonon ressalta que a medida vai ao encontro da preocupação de pais, professores e toda a comunidade médica que vê a dificuldade de impor regras e estabelecer o bom uso. É preciso saber como agir diante dessa nova forma de se viver, segundo a médica.
“A tecnologia é o meio ambiente que estamos crescendo e se desenvolvendo. Então, é algo que nós, como pediatras, temos que nos posicionarmos para ajudar a todos a lidarem da maneira mais saudável e construtiva possível. A tecnologia tem impactos enormes tanto no positivo como no negativo. Há riscos na saúde física, mental e no âmbito social. O que nos preocupa mais é o uso abaixo dos dois anos por causa do impacto já demonstrado pela neurociência no desenvolvimento do cérebro. As horas em frente às telas não permitem que a criança faça uma atividade esportiva ou física elevando o risco de obesidade. Além disso, na saúde mental, nos preocupa a depressão, solidão e isolamento. Falta o relacionamento cara a cara e até mesmo o relacionamento intra-familiar”, alertou a médica.
Projeto de Lei
O tema ganhou relevância ainda maior com a apresentação formal de um Projeto de Lei que foi protocolado na terça-feira (08/10), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A proposta foi idealizada pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, através do deputado Pedro Ozorio Pereira.
O objetivo é que assim como a indústria do cigarro passou a ser obrigada a alertar sobre os riscos do tabagismo com dizeres nas embalagens, fabricantes de celular possam, em breve, ter a obrigação de dispor de um alerta nos seus equipamentos. A intenção é informar os males que o uso excessivo de telefones celulares, televisão e tablets causam no desenvolvimento da criança.
O projeto foi protocolado com o número 440/2019. Agora, deve ir para apreciação na Comissão de Constituição e Justiça e Saúde para depois ser levado à votação em plenário.
“A tecnologia é fantástica, mas precisa ser usada com moderação. As crianças estão tendo problemas sérios de saúde, visuais e posturais por conta do uso muito intenso e de forma precoce. A gente não quer proibir, mas que as crianças e pais usem com moderação. Por isso que o projeto estabelece a obrigatoriedade de uma etiqueta orientando sobre os riscos. O objetivo é educar e orientar”, afirmou o parlamentar.
Serviço
O quê: 39º Congresso Brasileiro de Pediatria (CBP)
Quando: De 9 a 12 de outubro (de quinta-feira a sábado)
Onde: Centro de Eventos da FIERGS