Momento é de inversão no ciclo econômico, diz economista

Por Marina Klein Telles

Após crescer acima de 3% por quatro anos consecutivos, puxada pelo consumo, por serviços e pela agropecuária, a economia brasileira começará a enfrentar mais dificuldades para manter o ritmo de crescimento tanto pelo lado da oferta (mercado de trabalho), quanto pelo lado da demanda (crédito, endividamento e commodities).

Esta é uma das previsões feitas por André Nunes de Nunes, economista-chefe do Sicredi, na 18ª edição do Dinner Talking | Conectando pessoas para internacionalizar negócios, que a ACI realizou nesta quarta-feira, 12, no Restaurante do Swan Novo Hamburgo. Na palestra Navegando os novos ciclos da economia brasileira e global: o que é sinal e o que é ruído, Nunes analisou o ciclo econômico global e os seus reflexos nos principais indicadores da economia brasileira, bem como cenários e perspectivas.

Conforme ele, o PIB deve desacelerar de 3,4% em 2024 para 1,8% em 2025 e 1,5% em 2026. “Essa projeção leva em conta o aumento da faixa de isenção de IR até R$ 5 mil, um impulso fiscal de aproximadamente 0,4% do PIB no próximo ano”, afirmou.

Indicadores de alta frequência dão sinais de uma desaceleração gradual da economia desde o início de 2024, como a produção industrial, que oscila, as vendas no varejo e o setor de serviços. “O momento é de inversão no ciclo econômico, mas não vemos uma crise”, destacou o palestrante. Na comparação com o período 2015-2016, André Nunes de Nunes afirma que o Brasil continua tendo um problema macro, mas a microeconomia está mais organizada. Em 2025, os mercados estão em pleno funcionamento, o Banco central é independente, o ciclo de privatizações e concessões teve resultados positivos e os investimentos continuaram. Além disso, o desenvolvimento do mercado de capitais é direcionado e com mais foco em pequenos e infraestrutura.

Perspectivas

Conforme o economista-chefe do Sicredi, o cenário internacional atualmente traz mais riscos do que oportunidades para o Brasil, uma recessão nos EUA pode mudar muito a condução da política de comércio exterior nos EUA e o cenário de taxas de juros e inflação nos demais países e o Acordo do Mercosul com a EUA pode sofrer novas reviravoltas na medida em que a economia da Europa vai precisar se reconfigurar com a nova política externa dos EUA 

Já a economia brasileira reflete a elevação da taxa de juros e sofre com a antecipação das discussões e medidas relacionadas ao pleito de 2026. Tanto a confiança, quanto o preço dos ativos devem refletir as perspectivas do pleito de 2026. A economia brasileira está numa situação melhor do que em 2014/2015, mas ainda sofre de desequilíbrios macro.

Projeções

Taxa Selic

2023 2024 2025 2026

11,75% 12,25% 15,25 13%

PIB

2023 2024 2025 2026

3,2% 3,4% 1,8% 1,5%

IPCA

2023 2024 2025 2026

4,6% 4,8% 5,7% 4%

Taxa de câmbio

2023 2024 2025 2026

4,84 6,19 5,9 5,95

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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