Tramontina desenvolve equipamento de suporte respiratório para doação

Por Gabrielle Pacheco

Nos últimos meses, um novo produto foi desenvolvido na fábrica da Tramontina em Carlos Barbosa. Dessa vez, destinado ao segmento de saúde, a fim de auxiliar em situações de emergência e deixar um legado pós-pandemia. Assim, a empresa reuniu suas equipes técnicas, principalmente de eletrônica e construção de máquinas, para a criação do Ventra – o equipamento de suporte respiratório transitório, que sai da unidade pronto para uso emergencial em hospitais. O primeiro lote contará com 40 equipamentos que serão doados para hospitais do Rio Grande do Sul ainda em dezembro.

O projeto nasceu em março, em meio a crise de Covid-19 no norte da Itália, onde o sistema de saúde entrou em colapso. No Brasil, havia grande preocupação em relação a possível escassez de equipamentos para suporte respiratório. “O cenário era de limitação na capacidade de produção nacional e muita concorrência, além de alto custo e longos prazos para importação. Assim, reunimos um grupo multidisciplinar que estudou em detalhes os diversos esforços em andamento, incorporamos novas ideias e, por fim, chegando a proposta do Ventra”, afirma Osvaldo Steffani, Diretor da Tramontina à frente do trabalho.

Para tal, a equipe de engenheiros e técnicos opera em espaço exclusivo de 360 m² criado no prédio técnico-administrativo da Tramontina S.A. Cutelaria. Além disso, conta com layout específico e áreas separadas para higienização, estoque, identificação e classificação de componentes, montagem, embalagem e assistência técnica. Com exceção dos componentes da área médica disponíveis no mercado, o Ventra foi desenvolvido dentro da empresa.

O conceito é baseado em estudo do MIT – Massachusetts Institute of Technology – que envolve um sistema mecânico automatizado, relativamente simples e barato, utilizado para ventilar pacientes em situações de emergência. Dessa forma, o sistema substitui o reanimador manual chamado de Ambu, atualmente utilizado nas emergências dos hospitais. Além disso, o equipamento possui vantagens ligadas à simplicidade, baixo custo, fácil assepsia e disponibilidade no mercado.

Apoios na elaboração do Ventra

A iniciativa também contou com o apoio de profissionais e da estrutura do Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves/RS, onde aconteceram os primeiros testes do protótipo. Dentro deste contexto, o Dr. Felipe Rech Borges, anestesista, e o Engenheiro Clínico Carlos Mattoso, contribuíram de forma notável durante todas as fases do desenvolvimento. “Nossa intenção foi desenvolver um produto robusto e com tecnologia avançada, fazendo uso de eletrônica e mecânica de alta confiabilidade e precisão, não apenas algo improvisado para o momento de dificuldade, mas que apresentasse diferenciais importantes para sua categoria e finalidade”, complementa Osvaldo Steffani.

Testes técnicos de bancada também aconteceram no Laboratório de Eletromédicos do Labelo – PUC, que funciona junto ao Hospital São Lucas, em Porto Alegre. Além disso, o equipamento também foi submetido a rigoroso ensaio de compatibilidade eletromagnética, em laboratório especializado (SP). Laudos médicos atestando a eficiência do equipamento, dentro do escopo de uso foram possíveis por meio de testes clínicos no Hospital Tacchini e junto a um grupo multifuncional de Porto Alegre – que conta com profissionais dos Hospital São Lucas, Hospital de Clínicas e HMV.

Equipamentos como o Ventra foram regulamentados através de uma resolução específica da Anvisa, em maio, para serem utilizados em situações de emergência. O sistema mecânico e eletrônico foi projetado para ser muito robusto, preciso e confiável, a partir de tecnologia avançada e componentes de alto padrão de qualidade e confiabilidade. A movimentação do sistema é feita através de um servo motor, que permite que a alteração dos parâmetros de utilização sejam feitos de forma rápida, amigável e precisa.

A solução não é destinada para casos de doenças respiratórias graves que demandam ventiladores microprocessados e de alto custo. “O objetivo do Ventra é ser realmente um equipamento de suporte respiratório emergencial e transitório, podendo ser útil nas situações em que não há disponibilidade imediata de ventiladores de cuidados críticos, até que a situação seja solucionada”, finaliza Steffani.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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