A indústria calçadista brasileira abriu as negociações internacionais em 2024 consciente de que a consolidação de mercados e a manutenção de clientes é o primeiro passo para superar os desafios que estão postos pelo contexto macroeconômico mundial. E a edição de inverno da feira italiana Expo Riva Schuh, que ocorreu entre os dias 13 e 16 de janeiro, em Riva del Garda, na Itália, trouxe essa sinalização às 60 marcas brasileiras presentes no evento.
A mostra terminou com a comercialização de 223 mil pares, que geraram mais de US$ 4,1 milhões. Somando as expectativas em negócios que ficaram alinhavados na feira, o número salta para 1,2 milhão de pares e US$ 19,6 milhões. A participação do Brasil foi promovida pelo Brazilian Footwear, programa de apoio às exportações de calçados mantido pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
O Brasil, novamente, esteve entre as maiores delegações internacionais do evento, que chegou a 100 edições em janeiro deste ano. Este marco foi comemorado ao longo dos quatro dias com diversas homenagens. E a Abicalçados e o programa Brazilian Footwear já foram reconhecidos na abertura da edição pela parceria com a feira. O presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, recebeu o troféu do presidente da Riva del Garda Fierecongressi, Roberto Pellegrini. “Essa é uma edição diferenciada e fomos muito bem acolhidos. A Abicalçados foi homenageada por ser uma grande parceira da Expo Riva Schuh durante parte desses 50 anos da feira”, comenta Ferreira, ao destacar que a edição de inverno é um pouco menor que a de verão, mas que os resultados aconteceram conforme a preparação de cada empresa para receber os compradores internacionais.
A coordenadora de Relacionamento da Abicalçados, Aline Maldaner, destaca que a Abicalçados e o Brazilian Footwear participam do evento desde 2006. “Foi uma feira especial por ser a centésima edição, o que foi celebrado pela organizadora com os expositores, compradores internacionais, associações, entre outros. Com relação aos negócios, sentimos os impactos globais, mas as empresas brasileiras tiveram a oportunidade de fortalecer parcerias com compradores de diversos países, além de abrir novos mercados de atuação.”
Manutenção de clientes
Compradores de diversos países circularam pelos corredores do evento. A Carrano (Dois Irmãos/RS) recebeu visitantes da Alemanha, África do Sul, Reino Unido, Croácia, Indonésia, entre outros. “Dos atendimentos que fizemos na feira, muitos já eram clientes nossos, então estamos consolidando e fazendo a manutenção desses mercados. Essa edição ficou dentro das expectativas por todo o cenário da economia mundial, do clima e também porque muitos compradores estão precisando liquidar um percentual maior do estoque”, fala Hugo Cassel, gerente de vendas internacionais da Carrano.
Para o gerente de exportações da Democrata (Franca/SP), Anderson Melo, a edição de inverno, que já é normalmente mais fraca para os brasileiros no comparativo com a de verão, teve reflexos do panorama atual não só do setor como da economia mundial. “Os clientes esperados vieram e consolidamos esses mercados, mas sentimos que tivemos uma diminuição das novas oportunidades”, destaca. Durante os quatro dias de feira, a calçadista de Franca teve negociações com compradores do Egito, Noruega, Líbia, Grécia, Sérvia, Jordânia, Estados Unidos, Canadá, República Tcheca, Chipre e Itália, além da África do Sul que é um mercado com o qual a calçadista ainda não trabalha.
Estreia
Uma das empresas brasileiras que participaram pela primeira vez da Expo Riva Schuh foi a World Colors (Birigui/SP). O gerente de exportação da calçadista infantil, Rodrigo Nunes, frisa que a evolução em produtos e serviços que a calçadista teve nos últimos três anos permitiu que a empresa participasse da ação. “Nos últimos dois anos, diversificamos os mercados internacionais, ampliando a atuação na Europa e na Ásia, além dos Emirados Árabes Unidos. Por isso, decidimos entrar na feira e nos surpreendemos positivamente com os países com os quais nos relacionamos no evento.” A empresa recebeu compradores do Chipre, Lituânia, Grécia, Romênia e Tunísia. “Terminamos com o dever cumprido com o que tínhamos planejado. A qualidade superou a quantidade”, finaliza.