Empresas gaúchas acumulam até R$10 bilhões em perdas de ativos em razão das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul desde o fim de abril. Os valores são apontados em estudo preliminar realizado pela Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado (Fecomércio-RS). Os prejuízos patrimoniais calculados contemplam estoque, maquinário, mobiliário, instalações, entre outros. A entidade avalia ainda que a perda de PIB do RS decorrente das enchentes chegue a cerca de R$40 bilhões, ou, aproximadamente 5% do PIB anual.
A avaliação da entidade traz dois recortes da crise enquanto às perdas. Em uma primeira análise, realizada com base em imagens de satélite, a entidade aponta que são cerca de 33 mil estabelecimentos diretamente afetados pelos alagamentos nos setores de comércio, serviços e indústria. A perda de ativos é calculada em R$5 bilhões. O levantamento não inclui micro e pequenas empresas que funcionam em domicílios residenciais, nem municípios que sofreram maior impacto de enxurrada do que de alagamentos.
Já em um segundo recorte, que considera o número de CNPJs, entre matrizes e filiais, concentrados nos 46 municípios em estado de calamidade pública, as perdas avaliadas são maiores. A Fecomércio-RS calcula que 10% dos 661.159 CNPJs ativos nessas cidades tenham sido diretamente afetados pelas enchentes. Seriam 66 mil estabelecimentos empresariais impactados (54,5 mil do comércio de bens e serviços). Nesse cenário, as perdas patrimoniais chegam a cerca de R$10 bilhões, sendo R$8 bilhões referentes a comércio e serviços.
“É imprescindível estarmos embasados por dados que dimensionem o tamanho desta tragédia e seus impactos para pleitearmos ações efetivas em prol de mitigar os seus efeitos”, comenta o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn. “Olhando pelo aspecto econômico, essas são empresas que fazem a nossa economia girar, que geram milhares de empregos e que precisam, mais que nunca, de apoio. Temos trabalhado, neste sentido, por diversas medidas junto às esferas municipais, estadual e federal. Elas objetivam que as organizações consigam sobreviver ao período em que estiverem com suas receitas interrompidas ou prejudicadas, e que, logo, possam retomar suas atividades.”
A Fecomércio-RS aponta que os 46 municípios que permanecem com calamidade pública decretada concentram 41,6% do PIB gaúcho total, 41,5% do PIB da indústria e 50,6% do PIB do setor de comércio e serviços gaúcho. Nessas cidades, estão 42,6% dos CNPJs ativos do Estado e 48,3% dos empregos. Empresas do setor de comércio e serviços são maioria e os estabelecimentos comerciais foram penalizados de forma acentuada em virtude do Dia das Mães, data comemorativa de tradicional incremento nas vendas.
A Federação chama atenção, ainda, ao fato de que, mesmo empresas que não tenham sido atingidas diretamente pela enchente, sentem diferentes impactos da crise. Algumas ficaram sem insumos essenciais, como água e energia elétrica, sem recursos humanos com casos de colaboradores afetados ou tiveram a logística para recebimento de matéria-prima, mercadorias ou prestação de serviços prejudicada devido aos problemas causados à infraestrutura. Outras tantas foram prejudicadas pela redução de demanda. Por esses motivos, a entidade estima a perda de PIB de cerca de R$40 bilhões.
Entre medidas pleiteadas pela Fecomércio-RS – algumas já atendidas – para mitigar os efeitos econômicos gerados pela tragédia climática estão a prorrogação de tributos e da entrega de declarações, isenção total de ICMS para as empresas mais afetadas, possibilidade de suspensão de contratos de trabalho com garantia de benefício emergencial aos trabalhadores, autorização para aplicação de banco de horas e aproveitamento de feriados nos períodos em que as empresas estejam fechadas, linhas de crédito facilitadas para recomposição de capital produtivo e estoques, dentre outras. Além das ações em prol das empresas, através das casas Sesc e Senac, de sindicatos filiados e do projeto Sesc Mesa Brasil em todo o País, a Fecomércio-RS atua em ações humanitárias de arrecadação e doação de donativos às famílias mais afetadas pelos alagamentos.