Na Mercopar, a principal feira de inovação industrial da América Latina, o setor da robótica se consolida como um dos mais estratégicos e transversais. A robótica não é apenas uma vitrine tecnológica, ela é parte essencial da melhoria de processos industriais. Em um cenário onde a busca por qualidade, padronização e flexibilidade é cada vez mais intensa, os robôs surgem como soluções que fazem sentido técnico e econômico.
Para o analista de competitividade do Sebrae RS, Fabiano Dalla Corte, antes de investir em robótica, no entanto, é necessário que o gestor industrial faça sua lição de casa, que é identificar e otimizar todos os processos que podem ser melhorados sem custo. “Só então é possível enxergar com clareza quais operações exigem precisão extrema e alta produtividade, como a solda, por exemplo, que demanda padrões rigorosos e repetibilidade. É nesse ponto que o robô se torna indispensável”, afirma o Dalla Corte.
Além da precisão, os robôs industriais oferecem versatilidade. Com setups prontos e ponteiras intercambiáveis, eles podem alternar entre funções como soldar, manipular peças ou realizar inspeções, tudo com agilidade e confiabilidade. Essa multifuncionalidade é especialmente valiosa em ambientes produtivos que precisam se adaptar rapidamente a novas demandas.
Na Mercopar, o visitante encontra uma verdadeira vitrine de soluções em robótica, inteligência artificial e visão computacional. Empresas especializadas mostram como câmeras e algoritmos podem ensinar máquinas a interpretar o ambiente, tomar decisões e executar tarefas com autonomia. “Embora o robô seja o rosto da tecnologia, algo que se move, impressiona e interage, o verdadeiro cérebro está nos bastidores. Softwares industriais, plataformas de IA e sistemas de análise de dados são essenciais para que a robótica funcione de forma inteligente e integrada”, reforça o analista de competitividade setorial.
No Salão de Inovação da Mercopar, há uma forte presença de empresas de software industrial, que ajudam a transformar dados brutos em decisões estratégicas. Neste contexto, três cases se destacam como exemplos práticos da aplicação da robótica na indústria: Kuka do Brasil, Sachet Robótica e Automação e Yaskawa Motoman Robótica do Brasil.
A Yaskawa trouxe para a feira o principal produto na parte de solda MIG, que é o robô AR 2010, o mais novo robô instalado num posicionador YH2, que é um posicionador que tem a proposta de ser mais rápido na operação. Esse equipamento pode substituir com precisão o profissional soldador, que está cada vez mais escasso no mercado, conforme avaliação dos empresários e Recursos Humanos de várias indústrias. De acordo Fábio Borsato, gerente regional de vendas da Yaskawa Motoman Robótica do Brasil, essa tecnologia é para melhorar a velocidade de trabalho e de produtividade da peça soldada. O mercado automobilístico, agrícola, e as metalúrgicas são os que mais utilizam esses equipamentos.
Já a Sachet Robótica e Automação trouxe para a Mercopar uma tecnologia que é aplicada na robótica, em qualquer braço, mas que traz uma novidade que é desenvolvida numa empresa canadense de sistema de aplicação de fitas. Fitas dupla face, fitas de vedação em espuma para o setor automotivo, algumas aplicações mais focadas na indústria, como eletrodomésticos que tem uma demanda alta de aplicação de fita, geralmente é manual.
O diretor comercial da empresa, Guilherme Sachet explica que o Robotape é uma solução desenvolvida para automatizar a aplicação de fitas adesivas com máxima precisão e eficiência. “Essa solução acelera os processos, reduz desperdícios e eleva o padrão de qualidade na produção”, enfatiza. A Sachet é distribuidora exclusiva da tecnologia que pode ser integrada a robôs que já estão em operação. A máquina que está na feira é a primeira modelo da América do Sul e segundo Guilherme, ao menos 10 contatos possíveis de fechamento de negócio já foram feitos.
A Kuka do Brasil é uma das líderes mundiais em robótica industrial e automação inteligente. Os robôs laranja são ícones da indústria 4.0, usados em montadoras, metalurgia e até em laboratórios médicos. Gisele Costa, gerente de marketing da empresa, contou que a Kuka tem mais de 125 anos de origem alemã e é o primeiro ano na Mercopar. “Trouxemos uma aplicação de solda com dois robôs, KR6 da série Editions, que é bem focado para o setor de soldas, com a tecnologia Robotim”, salienta Gisele.
Henrique Faustino, vendedor que atende o setor automobilístico ressalta que esses modelos são colaborativos e robôs de seis eixos, que podem manipular peças com extrema precisão e segurança. A Kuka também trouxe o modelo AMR (que está embarcando inteligência artificial), que são autônomos e servem para transporte de paletes com capacidade de 250 quilos até 25 toneladas. “A gente atende desde centros de distribuições até grandes automobilísticas”, explicou Guilherme.


