O Relatório Setorial – Indústria de Calçados, publicado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) desde 2016, traz boas notícias para o setor calçadista brasileiro. Embora não tenha recuperado a totalidade das perdas registradas durante a fase aguda da pandemia de Covid-19, a atividade demonstra importante capacidade de retomada dos níveis produtivos. Conforme a publicação, no comparativo entre 2020 e 2021, a produção de calçados aumentou 9,8%, para 806,3 milhões de pares. Já em relação a 2019, a queda ficou em 10,3%.
A publicação destaca, ainda, a importância das exportações na retomada da atividade. Após uma queda expressiva de mais de 18% em 2020, efeito direto da pandemia, em 2021 o setor registrou um incremento de 31,9%, para 123,7 milhões de pares, superando os níveis da pré-pandemia, em 2019, em 7,3%. O coeficiente das exportações, desta forma, cresceu de 12,8% para 15,3%. “
A dinâmica da recuperação internacional tem sido mais rápida do que no mercado interno. No ano passado, as exportações cresceram cerca de cinco vezes mais do que o consumo doméstico”, comenta a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck.
Os principais destinos das exportações de calçados brasileiros, em 2021, foram Estados Unidos, Argentina e França, seguidos por países da América Latina. Já os estados que mais exportaram (em pares) foram Ceará, Rio Grande do Sul e Paraíba.
No mercado interno, a recuperação foi menos intensa do que no cenário internacional. Segundo o Relatório Setorial, o consumo aparente ficou em 705,3 milhões de pares, em 2021, 6,6% mais do que em 2020 e 12% menos do que na pré-pandemia, em 2019.
Com a melhora do cenário, a utilização da capacidade instalada da indústria calçadista cresceu no ano passado, passando de 60,4% em 2020 para 71,5% em 2021. No entanto, o nível segue abaixo do registrado em 2019, que era de 76,9%.
Quinta maior produtora de calçados do mundo, atrás de China, Índia, Vietnã e Indonésia, a indústria calçadista nacional tem um papel relevante na geração de postos de trabalho. Em 2021, conforme a publicação, o setor empregava, diretamente, 266 mil pessoas, tendo gerado quase 27 mil vagas no período e encerrando com incremento de 11% ante 2020, recuperando as perdas registradas ao longo de 2019. Os principais estados empregadores do Brasil são Rio Grande do Sul, Ceará e Bahia.
Projeções
Para 2022, as projeções da Abicalçados são de incremento na produção do setor, entre 1,8% e 2,7%, o que deve resultar em 820 a 828 milhões de pares fabricados pelas mais de 5,4 mil fábricas em atividade no País. O resultado positivo, no entanto, não será suficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia, deixando o setor cerca de 8% abaixo dos níveis produtivos de 2019.
Já as exportações devem seguir crescendo mais do que o mercado doméstico, encerrando 2022 com crescimento de 8% a 10%, para entre 134 e 136 milhões de pares embarcados. Com o resultado, os embarques devem superar os níveis pré-pandêmicos em 16% a 18%.
Os níveis de emprego também devem crescer ao longo de 2022. Conforme o Relatório Setorial esse crescimento deve ficar situado entre 1,3% e 5,3%, encerrando o ano com 269 mil a 280 mil postos de trabalho na atividade.
Publicação
Com mais de 60 páginas, o Relatório Setorial – Indústria de Calçados é a fonte de consulta oficial do setor calçadista brasileiro. Além dos dados retroativos, com detalhamento por segmentação, balança comercial, níveis de empregos, capacidade instalada e investimentos, a publicação traz projeções para curto e médio prazos, além de capítulos destinados a oportunidades no mercado internacional e análises do doutor em Economia e professor da pós-graduação da Unisinos Marcos Lélis.
A publicação está disponível gratuitamente para download no site da Abicalçados.