Primeira porção do Sinos apresenta água em boas condições, mas nas áreas urbanas IQA segue baixo

Por Stephany Foscarini

No mês de fevereiro, o relatório do Programa de Monitoramento Espacial do Pró-Sinos apontou a continuidade de uma situação constatada desde o início do verão: a água do Rio dos Sinos e de seus afluentes apresenta boa qualidade na Porção 1, nos trechos que antecedem as áreas urbanas, e vai piorando à medida que o rio avança para áreas densamente habitadas (Porção 2).

Mensalmente, o Consórcio Pró-Sinos monitora nove parâmetros de qualidade da água em 24 pontos representativos da Bacia do Rio dos Sinos. A partir desses parâmetros (Coliformes Termotolerantes, pH, Nitrogênio, Fósforo, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Temperatura, Turbidez e Sólidos Totais), é calculado o Índice da Qualidade da Água (IQA), um número que permite uma avaliação genérica, mas significativa, das condições da água no local.

Durante o mês de fevereiro, na primeira porção, os pontos mais próximos às nascentes do Rio dos Sinos e seus afluentes permanecem com bons resultados, tendo havido, inclusive, leve melhora. A menor ocorrência de chuvas reduziu as vazões e a turbulência dos cursos de água, mantendo a baixa turbidez e valores favoráveis nos demais parâmetros.

De acordo com o relatório, os destaques positivos dessa região permanecem sendo os pontos P1, P2, P3, P5, P6, e P12, situados nas extremidades da bacia. Em P5 e P6, houve uma variação mais expressiva no pH, indicando alcalinidade. Esse parâmetro, no entanto, não comprometeu os respectivos IQAs.

Já os pontos P4 e de P7 a P11, sofrendo influências das áreas urbanizadas, apresentam qualidade decrescente devido à presença de Coliformes Termotolerantes. Os demais parâmetros desses pontos ainda se situam em níveis razoáveis, à exceção da concentração de Coliformes. Isso demonstra a degradação da água causada pela falta de tratamento dos esgotos urbanos. Essa condição contraindica a balneabilidade nesses pontos.

O levantamento mostra a piora nos índices da segunda porção, com valores bastante baixos. Em especial, os arroios afluentes do Rio dos Sinos. Os destaques negativos são o P17, na foz do Arroio João Corrêa, e o P18, no Arroio Portão/Estância Velha. Este último, inclusive, passou da condição “Ruim” para “Muito Ruim”. Os pontos de P13 a P16, P22 e P23 apresentam condições bastante ruins, com valores de IQA inferiores a 50.

Na avaliação da área técnica do Consórcio Pró-Sinos, o período do verão naturalmente apresenta menor volume de chuva e, consequentemente, a diminuição da vazão dos cursos d’ água. A menor vazão produz maior concentração da carga de esgotos não tratados, deteriorando a qualidade das águas.

Saiba mais

O IQA tem uma escala que varia de zero a cem, sendo os valores mais baixos indicativos de uma qualidade muito ruim e valores mais altos, indicativos de boa qualidade. A equipe técnica do Pró-Sinos acompanha esses dados, que se relacionam com os parâmetros medidos mensalmente. São informações relevantes, que podem servir de alerta e apoiar tomadas de decisão e ações. Para acessar a plataforma e obter o relatório completo, acesse o site.

O exame dos valores obtidos permite segmentar a bacia em duas porções: áreas com baixo adensamento populacional, mais próximas das nascentes, e áreas com alto adensamento populacional, mais próximas da foz.

A partir deste relatório, será feita uma alteração: na primeira porção, serão reunidos os pontos de P1 a P12. Na segunda, os pontos de P13 a P24. A mudança é a passagem do ponto 13, da primeira, para a segunda porção, uma vez que os resultados obtidos nas medições indicam reiteradamente que este ponto tem características próprias da segunda porção.

Conforme indicado em relatórios anteriores, na segunda porção somam-se os despejos de esgoto não tratado, vindos das áreas urbanas da primeira porção, aos esgotos das áreas altamente adensadas para onde o Rio dos Sinos escoa. A qualidade da água nesta segunda porção é muito baixa.

Foto: Daiton Lima/Divulgação | Fonte: Assessoria
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