A Fecomércio-RS realizou, nesta quinta-feira, dia 4 de dezembro, sua tradicional coletiva de imprensa anual, apresentando uma análise detalhada do cenário econômico gaúcho e brasileiro em 2025 e as projeções para o próximo ano. O encontro contou com a participação do consultor econômico da entidade, Marcelo Portugal, e do presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac e IFEP, Luiz Carlos Bohn, que também destacou as principais bandeiras defendidas e as conquistas institucionais do período.
Durante a coletiva, a federação lançou oficialmente o Observatório do Comércio, plataforma que reúne dados e indicadores calculados pelo Instituto Fecomércio-RS de Pesquisa (IFEP-RS) relacionados à atividade empresarial no Rio Grande do Sul. Com a plataforma, dados referentes às unidades produtivas — como empresas e estabelecimentos —, trabalho, receitas e despesas, antes dispersos em fontes diversas e esparsas, passam a ser conectados em uma mesma estrutura e apresentados de forma direta e amigável. “Essa costura permite que o usuário consiga segmentar os dados de fontes distintas simultaneamente, facilitando a realização de análises setoriais e regionais das informações. O objetivo é, justamente, contribuir com o desenvolvimento do segmento, fornecendo informações, dados e estudos que ajudem os empresários e os gestores públicos a entenderem o setor”, explica o diretor executivo do IFEP-RS, Lucas Schifino.
Para o presidente Luiz Carlos Bohn, o Observatório representa um salto qualitativo na forma de compreender o setor. Ele destacou ainda que o comércio de bens, serviços e turismo é o maior segmento da economia gaúcha. “É por esse motivo que precisa de instrumentos para ajudar empresários, pesquisadores e gestores públicos a compreender e planejar com mais segurança. A qualidade das políticas públicas depende da qualidade da informação, e o Observatório nasce exatamente para suprir essa necessidade com rigor técnico e alinhamento às demandas reais das empresas”, defendeu.
Perspectivas apontam para um 2026 “morno”
As projeções da Fecomércio-RS a nível nacional apontam para um novo ano de moderação econômica. Com expectativa de inflação em 3,9%, juros caindo lentamente e câmbio em torno de R$ 5,40, o país deve registrar um crescimento contido. A projeção de PIB brasileiro para 2026 é de 1,7%, enquanto o gaúcho deve crescer 2,7%, impulsionado pela recuperação gradual após eventos climáticos e pela relevância da agropecuária — ainda cercada de incertezas climáticas e divergências entre as estimativas de safra.
Portugal também destacou o comportamento do dólar em 2025. Segundo ele, a moeda americana perdeu força globalmente e, contra o euro, chegou a se desvalorizar 14%. “No Brasil, esse movimento, combinado com juros reais altos, ajudou a valorizar o real e a segurar preços internos”, comentou o economista.
Outro ponto passível de críticas durante o encontro foi o avanço fragilizado da política fiscal. Para Portugal, o aumento da arrecadação tem sido utilizado para financiar a ampliação de gastos, sem melhoria estrutural do equilíbrio fiscal. “Não houve explosão imediata do déficit primário, mas também não caminhamos para a estabilização da relação entre dívida e PIB”, disse. Já Luiz Carlos Bohn destacou que o desenho do sistema de crédito brasileiro limita a efetividade da política monetária. Hoje, 42,5% do crédito total no país é direcionado, menos sensível à Selic. “Quando metade do crédito não depende das taxas de mercado, a Selic precisa ser mais alta do que seria necessário se todo o crédito fosse livre”, apontou.


