Mercado de ovos: instável, mas promissor

Por Gabrielle Pacheco

Em 2020, o setor de ovos viveu oscilações em curto intervalo de tempo. Com isso,  os preços dos produtos alcançaram níveis históricos, rentabilizando os produtores. No entanto, em outros momentos, o restabelecimento dos antigos valores trouxe dificuldades para quem depende do milho e da soja — commodities que vêm registrando forte alta e têm um peso significativo na produção.

Os efeitos devastadores da pandemia alcançaram o Brasil a partir de março. Porém, o aumento nos custos para o enfrentamento do “novo normal” foi compensado pelo crescimento do consumo de ovos ainda no fim do primeiro trimestre. Assim, segundo o Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA),  Ricardo Santin, o monitoramento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) chegou a registrar elevação acima de 30% no valor da caixa de 30 dúzias de ovos.

Entretanto, enquanto o preço e a oferta de ovos voltavam à normalidade, os valores dos grãos começaram a decolar. O milho, por exemplo, alcançou R$ 80 por saca. Em algumas praças, o patamar dobrou em um ano. Com grãos em estoque, alguns produtores conseguiram mitigar esses efeitos. Outros sofreram com a margem apertada, e o aumento nos custos chegou ao bolso do consumidor.

Expectativas para o setor

A boa notícia é que os indicadores não apontam para retrações neste ano. O consumo per capita deverá superar 250 unidades — acima da média mundial de 230. Projeções preliminares indicam que a produção fechará 2020 com 54 bilhões de unidades. Rio Grande do Sul e Espírito Santo reforçaram seu espaço no mercado, que tem São Paulo na liderança. O RS está em quinto lugar no ranking, respondendo por 8% da produção nacional. Nesse contexto, destacam-se dois municípios: Salvador do Sul e Farroupilha.

As exportações de ovos também devem melhorar. Com a retomada das viagens internacionais, a previsão é de que os negócios com os Emirados Árabes, nosso maior mercado, incremente suas compras — já que o turismo é um dos principais fatores de demanda do produto brasileiro. Além disso, o México abriu as portas para nossos ovos processados. Falta apenas a publicação do Certificado Sanitário Internacional (CSI), pelo Brasil, para que tenhamos acesso ao mercado com o maior consumo per capita do planeta.

Com isso, a expectativa é que 2021 seja um ano menos complexo. Entretanto, neste “novo normal”, precisamos ter a capacidade de adaptação a um quadro dinâmico e com custos não sazonais. Os indicadores apontam para grãos com valores sustentados no próximo ano, o que garantiria uma certa previsibilidade. Assim, nesse cenário complexo, o produtor que fizer um planejamento atento às mudanças no mercado estará preparado para se ajustar às novas demandas.

Foto: Divulgação | Texto: Ricardo Santin
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