Medidas de crédito para empresas atingidas por tarifas dos EUA não garantem sustentabilidade de negócios

Por Marina Klein Telles

A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) avalia, preliminarmente, que as condições para acesso ao crédito especial para empresas atingidas pela elevação de tarifas dos Estados Unidos, anunciadas na última sexta-feira (22), dão fôlego inicial às empresas, mas não garantem a sustentabilidade dos negócios e a preservação dos empregos. O plano de contingência anunciado pelo governo federal prevê a liberação de R$ 30 bilhões em crédito. 

As operações estarão sujeitas à cláusula do emprego. Empresas beneficiadas terão de comprovar a manutenção do número de empregados, com quatro meses de carência. A referência inicial será a média dos valores entre julho de 2024 e junho de 2025. A cobrança da manutenção será feita pela média do período entre o quinto e o 16º mês após a tomada do crédito. A empresa que manter o número de trabalhadores nessa comparação terá cumprido a regra. 

“A exigência da manutenção dos empregos pode ser um fator impeditivo para muitas empresas pegarem crédito em razão da incerteza que estão tendo com a própria sobrevivência. Tendo esse condicionante de emprego, como foi apresentado, o prazo para cumprimento deveria ser maior, já que a busca de novos mercados, em especial para produtos industriais, pode demorar anos”, avalia o presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier. Para a entidade, ainda há falta de previsão de medidas mais urgentes que possam evitar demissões imediatas pelas empresas, conforme já defendidas pela federação.  

De acordo com as regras apresentadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a prioridade é para as empresas atingidas pelas tarifas de 50% pelos EUA e que perderam acima de 5% do seu faturamento bruto. Para avaliar o impacto, será analisado o período de julho de 2024 a junho deste ano. As linhas de crédito incentivado terão juros entre 0,58% e 0,82% ao mês, com prazo de até cinco anos e carência de até um ano. “Essa carência precisaria ser maior porque abrir novos mercados é um processo que se estende por períodos longos”, diz Bier.  

O pacote terá ainda R$ 22,5 bilhões em garantias, que dependem de aprovação do Congresso, e duas novas linhas emergenciais com recursos de mercado, no valor total de R$ 10 bilhões para empresas com perdas menores de 5% ou afetadas por tarifas abaixo de 50% (juros de 1,15% ao mês mais spread bancário ou com taxas atreladas ao dólar).  

Também preocupa a Fiergs o prazo para que as empresas acessem efetivamente os recursos. Segundo o BNDES, a estimativa é de que as primeiras liberações ocorram a partir da segunda quinzena de setembro.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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