Lideranças da saúde se reúnem no Health Meeting Brasil, em Porto Alegre

Por Jonathan da Silva

As transformações e os desafios da gestão hospitalar estiveram em pauta nesta terça-feira (21), em Porto Alegre, com a abertura da 3ª Health Meeting Brasil/SindiHospa, realizada na PUCRS. O evento começou com o 14º Workshop da Agenda Executiva em Saúde, reunindo lideranças do setor para discutir temas como governança, sustentabilidade institucional, colaboração entre hospitais e operadoras e os impactos da inteligência artificial na atuação dos profissionais da área.

A primeira mesa de debates abordou a governança como eixo central para o fortalecimento das instituições de saúde. O diretor-geral da Santa Casa de Porto Alegre, Jader Pires, relatou a experiência da instituição em um ambiente de alta pressão sobre preços e insumos. “Cada cliente puxa para um canto e nosso desafio como gestor é buscar a eficiência interna”, afirmou Pires.

O diretor de Provimento de Saúde da Unimed Porto Alegre, Paulo Roberto Barbosa Soares, destacou a importância das lideranças. “A alta governança não se faz apenas de indicadores, processos e resultados, mas sobretudo de pessoas. Seu papel é engajar e inspirar quem está sob sua liderança, porque são essas pessoas que farão a transformação na saúde”, pontuou Barbosa Soares.

O CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, reforçou que a sustentabilidade das instituições depende de missão clara, governança e talentos. “Um dos nossos maiores desafios é competir colaborando, lembrando que vamos embora e as instituições ficam”, afirmou Parrini.

Já o vice-presidente da MV Sistemas, Alceu Alves da Silva, destacou a importância da equidade entre as instituições. “Não faz sentido vivermos numa ambiência onde alguns são super fortes e outros muito fracos”, observou Alves da Silva.

Relações estratégicas entre hospitais e operadoras

No segundo painel, as discussões se voltaram à construção de relações mais equilibradas e colaborativas entre hospitais e operadoras. A superintendente de Provimento de Saúde da Unimed Porto Alegre, Daniela Medeiros, defendeu a necessidade de corrigir desníveis históricos no sistema. “O primeiro passo é mudar a lógica de competição”, afirmou Daniela.

O diretor de Inovação e Saúde Populacional do Hospital Sírio-Libanês, Daniel Greca, ressaltou a importância da regulação no setor suplementar. “Enquanto não existir uma regulação de um setor de saúde suplementar, tudo que acontece vai depender da boa vontade”, comentou Greca.

O diretor-geral do Hospital São Lucas da PUCRS, Oswaldo Balparda, chamou atenção para a importância do paciente no centro do debate. “Temos que aumentar o nível de confiança, ampliando e trazendo para o centro do debate aquele que é o ator para o qual nós existimos”, pontuou Balparda.

Inteligência artificial e liderança no futuro

O impacto da inteligência artificial na saúde foi o tema central do terceiro painel. O vice-presidente da Regional Zona Sul da Rede D’Or, Fernando Torelly, destacou que a tecnologia vai impulsionar o aprendizado. “A inteligência artificial não vai ser uma bengala, ela vai nos obrigar a estudarmos mais do que hoje”, afirmou Torelly.

A CEO do Pompéia Ecossistemas de Saúde, Lara Sales Vieira, apresentou dados mostrando que a IA pode substituir 92 milhões de empregos até 2030, mas também criar 170 milhões de novas vagas. “Profissionais de enfermagem devem registrar forte expansão nos próximos anos”, projetou Lara.

O superintendente Administrativo e de Infraestrutura do Hospital Moinhos de Vento, Evandro Moraes, ressaltou que a tecnologia não desumaniza a gestão. “A capacidade de inspirar continua dependendo, essencialmente, da dimensão humana”, expressou Moraes.

O executivo e consultor da área da saúde, José Paulinho Brand, destacou que os líderes do futuro serão os que mais se adaptarem e inspirarem. “Se eu não consigo mostrar que estou aqui por inteiro, não vou inspirar meu liderado”, enfatizou Brand.

Já a coordenadora do curso de Medicina da Unisinos, Cláudia de Salles Stadtlober, observou que a IA aprimora o atendimento ao paciente.

Experiência do paciente em foco

O chefe do serviço de medicina interna do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, José Miguel Dora, compartilhou os resultados de um projeto de comunicação e monitoramento entre equipes iniciado em 2019. O diretor-geral do Hospital Regional do Oeste, em Santa Catarina, Franklin Lindolf, destacou a importância da liderança no processo de humanização do atendimento.

A superintendente assistencial e de educação do Hospital Moinhos de Vento, Vania Röhsig, relatou práticas adotadas pela instituição para aprimorar a jornada do paciente. A gerente de enfermagem do Hospital Copa Star Rede D’Or, Andrea Conrad, contou a experiência do “hospital boutique”, modelo em que os profissionais recebem capacitação específica para oferecer atendimento diferenciado.

Encerrando o workshop, o superintendente de Marketing, Comunicação e Experiência do Paciente do Hcor, em São Paulo, Marcos Riva, reforçou o papel das relações interpessoais na percepção de cuidado. “No momento de angústia e insegurança, o paciente quer conexão humana”, afirmou Riva.

A 3ª Health Meeting Brasil/SindiHospa é promovida pela HM Brasil Feiras e Congressos e pelo SindiHospa, com patrocínio da Unimed Porto Alegre, Unicred Porto Alegre, Secretaria Estadual do Turismo e Sebrae.

Foto: Marcos Nagelstein/Divulgação | Fonte: Assessoria
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