Intenção de Consumo das Famílias Gaúchas atinge menor nível histórico

Por Jonathan da Silva

A Intenção de Consumo das Famílias Gaúchas (ICF-RS) registrou queda pelo sétimo mês consecutivo e atingiu, em setembro, o menor patamar desde o início da série histórica, em 2010. O índice, calculado pela Fecomércio-RS com base em pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), alcançou 49,0 pontos — redução de 3,7% em relação a agosto e de 20,9% frente ao mesmo período de 2024. Os levantamentos são realizados mensalmente em Porto Alegre, nos dez dias que antecedem o mês de referência.

De acordo com a entidade, o resultado reforça a tendência de enfraquecimento observada ao longo de 2025. O subíndice de Emprego Atual caiu 2,6% no mês, para 77,9 pontos, e 8,9% na comparação anual. Já a Situação de Renda Atual apresentou queda de 2,6%, chegando a 82,8 pontos — 4,2% abaixo do valor de setembro do ano anterior. Apesar do recuo, ambos permanecem como os componentes mais altos do índice geral.

A Perspectiva Profissional foi o item que mais retraiu, com baixa de 16,4%, alcançando 8,9 pontos — também o menor valor desde o início da série. Segundo a Fecomércio-RS, esse número deve ser interpretado com cautela, pois a ausência de expectativa de melhora pode refletir estabilidade, e não necessariamente deterioração das condições no mercado de trabalho gaúcho.

Consumo em queda

Entre os componentes ligados ao consumo, o cenário é ainda mais negativo. O Nível de Consumo Atual caiu 3,7% no mês, atingindo 37,7 pontos, com 71,4% das famílias afirmando estar comprando menos do que em 2024. O Momento para compra de bens duráveis apresentou queda de 19,8% em relação a agosto e de 74,2% na comparação interanual, chegando a apenas 6,1 pontos — menor marca desde 2010. Nessa categoria, 97% dos entrevistados consideraram ser um mau momento para adquirir esses produtos.

A Perspectiva de Consumo também diminuiu, registrando 53,5 pontos, retração de 1,7% frente ao mês anterior e de 28,3% em relação a setembro do ano passado. Além disso, o indicador de Acesso a Crédito recuou para 75,8 pontos, com queda de 3,9% na margem e de 31,3% na comparação anual, o que demonstra maior dificuldade das famílias em obter financiamentos e empréstimos.

Análise da Fecomércio-RS

O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, avalia que o resultado reforça o pessimismo das famílias e aponta para uma economia menos aquecida. “O resultado de setembro renovou a mínima histórica do indicador e evidencia o elevado pessimismo das famílias, sobretudo no consumo de bens duráveis e nas perspectivas profissionais. Embora o mercado de trabalho siga sustentando a renda, o espaço para avanços adicionais é bastante limitado. Esse quadro se soma a um cenário de crédito mais caro e restrito, apesar de novas formas de acesso, como o Crédito Consignado do Trabalhador”, afirma Bohn.

Segundo o dirigente, o contexto de maior cautela do consumidor aumenta a necessidade de uma postura mais ativa das empresas para estimular as vendas e manter o dinamismo da economia gaúcha no segundo semestre de 2025.

Foto: Freepik/Reprodução | Fonte: Assessoria
Publicidade

Você também pode gostar

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.