INPI concede as duas primeiras patentes da Feevale

Por Milena Costa

Nos meses de abril e maio, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) deferiu as duas primeiras patentes da Universidade Feevale. Os dois projetos foram desenvolvidos no âmbito dos programas de pós-graduação em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais e em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Instituição. As tecnologias projetadas propõem inovações para diminuir os impactos ambientais no setor da construção civil e para proporcionar mais conforto e segurança aos cadeirantes usuários do sistema de transporte coletivo.

A diretora de Inovação da Feevale, Daiana de Leonço Monzon, lembra que o depósito de patentes é um processo muito longo, sendo fruto de anos de pesquisas desenvolvidas na Universidade, junto aos mestrados e doutorados. Para Daiana, as patentes deferidas são muito importantes para a sociedade, cada uma em seu segmento – sustentabilidade e acessibilidade.

“Somos uma instituição inovadora, empreendedora, que abraça a comunidade e que tenta resolver os gargalos, não apenas das empresas, mas também das pessoas, da sociedade que nos cerca. Então, acreditamos muito que essas patentes concedidas vão chegar às empresas, a fim de melhorar seus processos e trazer produtos novos para o mercado”, completa.

Conheça as duas invenções:

Conforme a professora do PPG em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais, Patrice Monteiro de Aquim, o projeto começou com pesquisas sobre alternativas sustentáveis do uso do farelo de couro wet-blue – muito utilizado na indústria calçadista –, classificado como resíduo perigoso devido à presença de cromo III. O objetivo era que o rejeito fosse utilização na construção civil a fim diminuir os impactos ambientais causados pela deposição e armazenamento dos seus resíduos em aterros industriais perigosos ou pelo seu descarte em locais inadequados, a partir de seu reaproveitamento.

Após estudos iniciais, foi desenvolvida uma areia leve especial a partir da extrusão do farelo de couro wet-blue em uma matriz de polipropileno. O uso desta areia em argamassas à base de cimento Portland, em uma proporção, em volume, de até 75% da ALE e 25% de areia natural de rio, permitiu a produção de uma argamassa leve, o que demonstra uma importante inovação tecnológica sob o aspecto ambiental. “A areia leve especial poderá ser um material alternativo a materiais tradicionais utilizados na construção civil, como EPS e vermiculita, para citar dois exemplos, quando utilizada em argamassas à base de cimento Portland para a produção de componentes não estruturais para a construção civil, como, por exemplo, blocos para alvenaria de vedação, divisórias leves e forros”, explicam os inventores.


Conforme um dos inventores, Juan Felipe Almada, a inovação, que foi criada em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Design e aprofundada no Mestrado do PPG em Diversidade Cultural e Inclusão Social, projeta uma nova disposição para acomodação de pessoas com necessidades especificas que fazem o uso de cadeiras de rodas em transportes coletivos, possibilitando melhores condições de acessibilidade, bem como, a utilização adequada de materiais que aperfeiçoem o acesso, o conforto e a ergonomia para estes usuários. O sistema é formado por um apoio para encosto da cervical no guarda-corpo, o qual oferece segurança (absorção de impacto) e estabilidade que gera sensação de conforto, evitando, entre outras coisas, o chicoteamento da coluna vertical que acontece nos choques dos veículos e brusca desaceleração do carro.

Também conta com regulagem de altura do encosto, que possibilita um melhor ajuste dependendo do percentil do usuário. No guarda-corpo, foi, ainda, redesenhada toda a estrutura que buscou o ajuste do encosto de cervical, assim como uma maneira mais rápida de ancoragem do cadeirante ao conjunto, tornando o atendimento mais rápido e seguro para o usuário. Já o apoio de para o antebraço proporciona mais estabilidade e escora para o membro por meio de uma pega perpendicular com diâmetro ergonomicamente ajustado, envolta em um material específico (poliuretano), que não é ofertado nos modelos atuais.

Para Jacinta, pesquisadora do PPG em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Feevale e integrante do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, uma das pautas constantes é a dificuldade de acessibilidade para as PcD (pessoas com deficiência) no transporte coletivo. “Já passou a fase de sensibilização, estamos em fase de urgência absoluta na implementação de melhorias em termos de acessibilidade em todos os sentidos, tanto na estrutura do ônibus quanto na disponibilidade de horários e educação/qualificação dos motoristas”, postula a professora, que lembra, ainda, da morosidade dos processos de patente, uma vez que o depósito deste produto ocorreu há nove anos.

Foto: Divulgação/Feevale | Fonte: Assessoria
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