Indústria de calçados arrefece queda no emprego

Por Gabrielle Pacheco

Em grave crise desde o início do alastramento da pandemia do novo coronavírus, o setor calçadista brasileiro contabilizou a perda de 44 mil postos no primeiro semestre, conforme dados oficiais elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Em dezembro do ano passado, o setor empregava diretamente 269,4 mil pessoas, número que caiu para 225,4 mil no registro de junho deste ano.

O Estado que mais perdeu postos no semestre foi o Rio Grande do Sul, principal polo calçadista brasileiro, que responde por 22% do total produzido e 46% das receitas geradas com exportações de calçados no Brasil. No semestre, as fábricas gaúchas perderam 14,7 mil postos. São Paulo foi o segundo Estado que mais perdeu postos ( – 8 mil), seguido do Ceará ( – 5,8 mil) e Bahia ( – 4,7 mil).

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressalta que, no entanto, existe um quadro de arrefecimento das quedas, consecutivas desde março deste ano. Segundo ele, no pior mês da crise, em abril, foram perdidos mais de 29 mil postos na atividade, número que caiu para 16,5 mil em maio e 5,2 mil em junho. “O fato se dá pela abertura gradual do comércio físico em alguns dos principais centros de compras do País, caso de São Paulo. Ainda estamos longe de uma recuperação substancial, mas é um alento”, avalia, ressaltando que o quadro de “despiora” deve seguir até o final do ano.

“Uma recuperação mais substancial só será sentida no ano que vem, isso se tudo der certo, acharmos a vacina e o comércio estiver em pleno funcionamento.”

Ferreira destaca aubda que a indústria de calçados responde rapidamente aos estímulos da retomada do consumo, especialmente no âmbito doméstico, que responde por mais de 85% das vendas do setor.

Alerta

O dirigente calçadista, porém, alerta para um fato que pode barrar a recuperação esperada para o próximo ano. Segundo ele, a Abicalçados, com o apoio da base parlamentar, tem trabalhado para barrar o veto presidencial à continuidade da desoneração da folha de pagamentos para 2021. “Estimamos que, caso se confirme o veto, o setor perca mais 15 mil postos ao longo do próximo ano”, afirma.

O mecanismo da desoneração da folha de pagamentos permite que 17 setores econômicos intensivos em mão de obra, entre eles o calçadista, substituam o pagamento da alíquota de 20% sobre a folha de salários por 1,5% da receita bruta, excluindo as exportações. A Abicalçados estima que com a reoneração o setor tenha um acréscimo de mais de R$ 570 milhões por ano em carga tributária.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
Publicidade

Você também pode gostar