O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), realizou um procedimento de alta complexidade para o tratamento de um colangiocarcinoma – um tipo raro e agressivo de tumor que se desenvolve nas células dos ductos biliares. A técnica utilizada foi a radioembolização hepática com microesferas de Ítrio-90.
De acordo com o chefe do Serviço de Medicina Nuclear do hospital, médico Gabriel Grossmann, a técnica é utilizada quando a cirurgia não é uma alternativa viável. “Trata-se de uma radioterapia intra-arterial e seletiva que, ao contrário da convencional, entrega a radiação diretamente nas células doentes, com maior precisão e menor impacto aos tecidos saudáveis. O objetivo é reduzir o volume tumoral, aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente”, afirma Grossmann.
A aplicação foi realizada pelo radiologista intervencionista Leandro Scaffaro, que administrou as microesferas radioativas diretamente na lesão tumoral por meio de uma injeção intra-arterial. As microesferas liberam radiação local no tumor, com o objetivo de destruir as células cancerígenas e diminuir seu volume.
Etapas do tratamento e critérios de segurança
Antes do procedimento, o paciente é submetido a exames de imagem para avaliar a viabilidade do tratamento. Um radiofármaco chamado macroagregado de albumina é injetado para verificar se existe um desvio da substância — o chamado “shunt” — que poderia direcionar as microesferas para os pulmões. Se mais de 20% da substância alcançar esses órgãos, o tratamento é contraindicado por risco de efeitos adversos fora do local tumoral.
Após a avaliação, uma equipe composta por físicos-médicos, radiologistas e médicos nucleares calcula o volume do tumor e realiza o preparo das microesferas com Ítrio-90. A aplicação ocorre na sala de Hemodinâmica, com a canulação das artérias hepáticas para liberação precisa do material radioativo. No dia seguinte ao procedimento, um exame de PET-CT é realizado para verificar o local exato de depósito das microesferas.
Equipe multidisciplinar acompanha o caso
O tratamento é conduzido por uma equipe multidisciplinar que analisa cada etapa com foco na melhor conduta para o paciente. A paciente submetida ao procedimento apresentou boa evolução e segue em acompanhamento clínico.