História da sociedade negra de Santa Cruz é representada em exposição cultural

Por Marcel Vogt

Uma trajetória de lutas e resistência contra o racismo estrutural está representada no Centro de Cultura Jornalista José Frantz, localizado junto à Antiga Estação Férrea de Santa Cruz do Sul. Documentos, fotografias e árvores genealógicas de famílias negras residentes na cidade compõem a exposição “Força viva da cor preta: União, 100 anos de história”, organizada pela Sociedade Cultural e Beneficente União – popularmente conhecida como Uniãozinho.

A abertura para visitas ocorreu na noite desta segunda-feira (9), com a presença da diretoria e de sócios do Clube, além de pessoas externas incentivadoras da causa. Conforme a presidenta da entidade, Marta Nunes, a exposição faz parte das celebrações ao centenário do Uniãozinho, comemorado neste ano, e vem sendo preparada há cerca de três anos, com o objetivo de representar as contribuições históricas da população negra para a formação sociocultural santa-cruzense.

“Eu não posso falar desta exposição sem citar a invisibilização que histórias negras têm na nossa cidade. Nossas histórias não são contadas, ou pelo menos não estão no mesmo patamar de outras famílias de Santa Cruz do Sul. Então, a ideia é trazer à luz a história dessas pessoas que tiveram uma contribuição tão importante”, disse Marta, emocionada, enquanto mostrava o acervo aos visitantes. “Perceber que tu nunca és representado, e no momento que tu se vê representado, isso tem um impacto muito grande pra gente”, mencionou.

A iniciativa recebe financiamento da Lei do Patrocínio do Município e do Concurso FAC Patrimônio do Governo do Estado. O acervo é composto, em sua maioria, por materiais coletados e analisados pela historiadora Franciele Oliveira, que define a mostra como “representativa de histórias muito potentes de pessoas que trabalharam desde o momento em que pisaram em solo brasileiro; pessoas que, no pós-abolição, resistiram e lutaram muito por direitos, por acesso à educação, para que tivessem direito ao lazer, à cultura, ao esporte”.

Dinho Barbosa, coordenador de Cultura do Município, foi um dos que participou da abertura da exposição. Representando a Secretaria Municipal de Cultura, ele avalia que a iniciativa é muito importante por mostrar a pluralidade cultural da cidade e pontua que o Governo Municipal desempenha um papel importante em incentivar a causa. “O governo da prefeita Helena Hermany vem se propondo a atender às diversas demandas da cultura local e a gente ter, dentro de um prédio público, documentos tão significativos, de uma sociedade centenária que trabalha tanto pela resistência, contribui muito para o crescimento cultural do município”, analisa Dinho.

A exposição ficará na Casa de Cultura durante todo este mês e pode ser prestigiada de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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