Guia do Centro Estadual de Vigilância em Saúde aponta riscos e cuidados com a saúde em enchentes

Por Jonathan da Silva

O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) do Rio Grande do Sul está divulgando um guia para a população e profissionais de saúde sobre os riscos e cuidados a serem tomados em situação de enchentes, como a enfrentada pelo Rio Grande do Sul nos últimos dias. O material aborda questões como doenças transmitidas pelo contato com a água, doenças relacionadas ao consumo de água ou alimentos contaminados, entre outras.

O material traz também recomendações para as localidades onde a água já baixou e as pessoas estão retornando às casas. Nesses casos, é importante, quando possível, o uso de luvas e botas de borrachas ou outro tipo de proteção para as pernas e braços (como sacos plásticos duplos), para evitar o contato da pele com a água que pode estar contaminada.

Utensílios domésticos (panelas, copos, pratos e objetos lisos e laváveis) podem ser lavados com água e sabão, seguido de uma desinfecção com água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), na proporção de um copo (200ml) de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) em quatro copos de água (800 ml). Mergulhe na solução os objetos lavados, deixando-os ali por, pelo menos, uma hora.

Pisos, paredes, bancadas e quintal podem ser limpos inicialmente com água e sabão. Em seguida, a desinfecção pode ser realizada com água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) na proporção de 200 ml para um balde com 20 litros de água limpa, deixando agir por 30 minutos.

Leptospirose

A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda e transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados. O contágio pode ocorrer a partir da pele com lesões ou mesmo em pele íntegra se imersa por longos períodos em água contaminada, além de mucosas. O período para o surgimento dos sintomas pode variar de um a 30 dias. Os principais sintomas da leptospirose são: febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em especial, na panturrilha) e calafrios.

A Secretaria da Saúde (SES) já recomendou a quimioprofilaxia (tratamento preventivo) para pessoas que tiveram contato prolongado com água de enchentes, assim como para os voluntários e equipes de resgate que estão entrando nas regiões de cheia.

Hepatite A

A Hepatite A é uma doença causada por um vírus que pode ser transmitido pela ingestão de água ou alimentos contaminados com esgoto/dejetos humanos, o que ocorre durante as enchentes. Devem ser observados sintomas como mal-estar, prostração, febre, mialgia, náuseas, vômitos e icterícia (pele e olhos amarelados). Nesses casos a pessoa deve procurar um médico imediatamente e relatar que teve contato com alagamentos.

A vacina Hepatite A está disponível no SUS. Excepcionalmente para situações de enchente, há aplicação em adultos.

Acidentes com animais peçonhentos

Durante eventos com excesso de chuvas, pode haver o desalojamento de alguns animais, como os peçonhentos (aranhas, serpentes, escorpiões e lacraias irão buscar locais secos). Locais mais comuns para o abrigo desses são entulhos, empilhamento de madeira, tijolos, telhas ou até na própria lama.

Em caso de acidente, lave o local da ferida com água e sabão, e mantenha a vítima sentada ou deitada. Se a ferida for na perna ou no braço, mantenha-os em posição mais elevada. Leve a vítima ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber atendimento. Não amarre e não corte o local da ferida.

O Centro de Informações Toxicológicas (CIT) dispõe de telefone para tirar dúvidas e orientações, pelo 0800-7213000, disponível 24 horas, sete dias da semana.

Consumo de água e alimentos

Durante as enchentes, microrganismos presentes em esgotos podem se misturar à água e à lama das enxurradas, além de contaminar alimentos, utensílios e louças. Sempre que possível, deve ser mantida a hidratação a partir de água de fonte confiável.

Quando a segurança da água for questionável, filtre e ferva a água antes de utilizá-la. Ou após filtrar, coloque duas gotas de solução de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) para cada litro de água e aguarde 30 minutos antes de beber.

Outros agravos

Na consulta do guia na íntegra, é possível ainda obter informações quanto a tétano acidental e saúde do trabalhador (acidentes de trabalho, exposição a material biológico, intoxicações exógenas, transtornos mentais e dermatoses ocupacionais).

O guia pode ser acesso na íntegra em saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202310/23135541-guia-basico-final.pdf.

Foto: Maurício Tonetto/Secom/Divulgação | Fonte: Assessoria
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