O grupo de trabalho liderado pelo Consórcio Pró-Sinos para monitorar uma provável invasão das palometas no Rio dos Sinos esteve reunido nesta quarta-feira (12), para discutir estratégias de prevenção e controle da espécie. A estimativa de gestores ambientais e especialistas no tema é que o animal comece a ser visto na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos após o atual período de interrupção das atividades de pesca, o chamado “defeso”, que se estende até o mês de fevereiro — e coincide com o período de migração dos peixes às regiões altas dos rios para a desova.
A palometa (Serrasalmus maculatus) é uma espécie de piranha originária da Bacia do Rio Uruguai, alóctone e invasora na da Bacia do Guaíba. Por motivos ainda não identificados, a espécie chegou ao Rio Jacuí e tem sido encontrada em afluentes dele, cada vez mais próxima do Lago Guaíba, como o Rio Pardo e o Rio Taquari. Chegando ao Guaíba, poderia facilmente chegar aos demais rios que ali desaguam, como o Caí, o Sinos e o Gravataí, e nas demais áreas da Lagoa dos Patos.
Diariamente, recebemos informações sobre captura de palometas e demonstrações dos danos causados por elas aos demais peixes na Bacia do Jacuí”.
O grupo — formado por iniciativa do Consórcio Pró-Sinos e composto por lideranças da pesca da região, gestores ambientais, estudiosos do tema e representantes de órgãos ambientais — está atento à evolução do problema. “Diariamente, recebemos informações sobre captura de palometas e demonstrações dos danos causados por elas aos demais peixes na Bacia do Jacuí”, relatou o Diretor Técnico do Pró-Sinos, Hener de Souza Nunes Júnior. “O Pró-Sinos quer facilitar a interlocução das partes interessadas e buscar integrantes estratégicos para o grupo avançar no monitoramento da situação e antecipar as ações possíveis”, disse, durante reunião virtual.
Para o especialista em peixes, Uwe Schulz, não haverá um meio simples de reverter a evolução da invasão e será preciso uma adaptação na convivência com a espécie. “É necessário um sistema de monitoramento contínuo dos locais do seu aparecimento e da sua captura, com o intuito de avaliar a dinâmica de invasão do animal”, recomendou. O biólogo Jackson Muller propõe que esse monitoramento seja estruturado na forma de um projeto, apto a captar recursos junto a fontes de fomento e apoio a projetos ambientais e envolva a participação de instituições de ensino e pesquisa.
Já o analista ambiental e coordenador do IBAMA para as ações de combate à invasão das palometas, Maurício Vieira de Souza, enfatizou ser preciso criar uma rede de interlocução com as prefeituras e com a população para construir uma base de dados sobre o animal. O instrumento para isso já existe e se constitui em um formulário elaborado para relatar as ocorrências do peixe. O Pró-Sinos se propôs a facilitar essa interlocução com as gestões da Bacia do Rio dos Sinos, além do trabalho já desenvolvido no grupo de monitoramento.