Guerra comercial afeta exportações de calçados

Por Gabrielle Pacheco

Influenciadas pela guerra comercial instalada entre as duas maiores potências mundiais, Estados Unidos e China, as exportações brasileiras de calçados caíram no mês de outubro. Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, no mês passado, os calçadistas embarcaram 10 milhões de pares que geraram US$ 80,57 milhões, quedas de 14% na receita e de 8,3% no volume em relação ao mesmo mês de 2018.

Com isso, as exportações somaram US$ 798,87 milhões e 93,35 milhões de pares no acumulado dos dez meses, incrementos de 0,6% e de 4%, respectivamente, no comparativo com igual período do ano passado. O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, avalia que, embora as exportações para os Estados Unidos tenham seguido a trajetória de elevação, como resultado da imposição de tarifas de importação locais para calçados chineses, por outro lado o produto brasileiro perdeu mercado em outros clientes internacionais importantes e que foram alvo da “desova” dos produtos asiáticos.

“Apesar de os dois países estarem na mesa de negociação para por fim ao impasse, o mundo ainda sente os efeitos da guerra comercial, especialmente pela recente desvalorização artificial do Yuan (moeda chinesa), que tornou o produto chinês ainda mais competitivo. Além disso, no acumulado do ano, as exportações chinesas de calçados para os Estados Unidos caíram 3%, ou seja, mais de US$ 260 milhões em produtos que precisaram ser realocados em outros mercados ao redor do mundo”, explica o dirigente.

“Apesar de os dois países estarem na mesa de negociação para por fim ao impasse, o mundo ainda sente os efeitos da guerra comercial.”

Além do impacto da guerra comercial, Ferreira destaca a sequência da crise argentina e os ajustes do câmbio, este último que fez com que o preço médio do calçado brasileiro caísse 24% nos últimos três meses, de US$ 10,60 para US$ 8. “Ou seja, os exportadores puderam baixar o preço médio, em dólar, sem perder a rentabilidade. O fato, na estatística, pesa na queda dos valores gerados pelos embarques”, avalia.

Foto: Reprodução | Fonte: Assessoria
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