Executivos gaúchos reduzem pessimismo, mas mantêm cautela segundo o iCFin

Por Jonathan da Silva

O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Rio Grande do Sul (Ibef-RS) divulgou em agosto os resultados da 4ª edição do Índice de Confiança dos Executivos de Finanças e Negócios (iCFin), realizado em parceria acadêmica com a Unisinos e a UCS. A pesquisa, que ouviu 145 executivos, conselheiros e gestores financeiros de diversas regiões do estado, revelou que, embora o cenário siga desafiador, houve leve melhora nas expectativas em relação ao levantamento do primeiro semestre de 2025, com o índice geral subindo de -0,93 para -0,80.

O estudo mostra que a confiança dos líderes empresariais no ambiente macroeconômico ainda é baixa, mas há maior otimismo em relação às próprias empresas (+2,11) e aos setores em que atuam (+1,43). “Trabalhamos para que o iCFin se torne uma ferramenta de referência para a comunidade empresarial como um todo, visando apoiar decisões estratégicas voltadas ao crescimento dos negócios no Rio Grande do Sul”, destacou a vice-presidente do Ibef-RS, Túlia Brugali. Já o professor da UCS, Dr. Carlos A. Diehl, ressaltou que “os índices de confiança têm papel fundamental para interpretar as expectativas e percepções do mercado, e funcionam como um importante indicador macroeconômico”.

Ambiente político segue como principal preocupação

Entre os fatores de maior apreensão, os executivos apontaram o ambiente político nacional (-3,24) e internacional (-2,32), sendo este último impactado pelo aumento das tensões geopolíticas e por medidas unilaterais dos Estados Unidos. Outros pontos críticos destacados foram a estrutura tributária, os juros elevados, a dificuldade de acesso a recursos financeiros e a retenção de talentos. Para o professor da Unisinos, Dr. João Zani, “elencar preocupações são importantes para compreender como as lideranças empresariais projetam suas decisões estratégicas”.

Projeções econômicas e expectativas

A pesquisa projeta crescimento do PIB em 1,9%, inflação média de 4,96% e taxa Selic em torno de 14,07% nos próximos 12 meses. O câmbio é apontado como variável mais incerta, com estimativas entre R$ 5,00 e R$ 7,00 por dólar. Para os entrevistados, a redução das expectativas de inflação e a previsão de expansão do PIB em 2024 contribuíram para amenizar parte do pessimismo em relação ao desempenho da economia brasileira.

Foco em inovação e economia digital

O levantamento aponta que investimentos devem se concentrar em projetos de viés tecnológico, especialmente em economia digital, pesquisa e desenvolvimento, novas linhas de negócios e operações de fusões e aquisições. Quanto às fontes de financiamento, os executivos indicaram maior tendência a recorrer a empréstimos bancários (23,1%), recursos próprios (22,9%), reinvestimento de lucros (16,3%) e aportes de sócios (13,1%). O mercado de capitais segue pouco relevante nesse horizonte.

O papel estratégico do índice

Para o presidente do Ibef-RS, Eduardo Estima, o estudo se consolidou como um instrumento de orientação para decisões empresariais. “O iCFin segue apontando um cenário de cautela, mas também de resiliência das iniciativas econômicas. Não é apenas um termômetro da confiança, mas uma bússola, que aponta riscos e oportunidades e orienta os líderes empresariais na condução de seus negócios”, afirmou Estima.

Foto: Freepik/Reprodução | Fonte: Assessoria
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