Espetáculo MIÊDKA marca o retorno da bailarina Ana Mondini aos palcos

Por Marina Klein Telles

O Teatro Oficina Olga Reverbel recebe nos dias 21 e 22 de setembro, às 19h, o espetáculo MIÊDKA – Uma Metáfora do Encontro para suas primeiras apresentações em Porto Alegre. A montagem marca o retorno da bailarina gaúcha Ana Mondini, que mora há 28 anos fora do Brasil, aos palcos de sua terra natal, dividindo a cena com a paulista Claudia Palma e o capixaba Armando Aurich. O elenco, formado por três sexagenários e septuagenários, foi vencedor do Prêmio APCA de Dança 2023 logo após as primeiras apresentações em São Paulo, que marcaram a reunião do trio, depois de muitos anos afastados geograficamente, justamente para fazer essa criação.

A peça de dança resgata memórias de experiências artísticas que atravessaram a década de 1980 e metade da de 1990 dos três artistas através de sensações, lembranças e afetos, e não pelo resgate das coreografias encenadas naquela época. “É um extrato essencial daquilo que reflete nos corpos hoje. Resgatar a memória, trazer corpos que me antecederam e que tanto me inspiraram, faz vir à tona o que sou e quem me tornei hoje”, explica Claudia, que também assina a direção da montagem.

Outro aspecto fundamental que guiou a construção de MIÊDKA é a discussão a respeito do etarismo na dança. Em um contexto em que ainda é preciso provar, a uma sociedade preconceituosa, que corpos maduros se movem, dançam e criam, o reencontro entre os três intérpretes carrega tanto as memórias dos tempos vividos quanto os corpos que, hoje, têm outras potências físicas, expressivas e emocionais. Como dançam estes corpos hoje? Em que aspectos do movimento reside o virtuosismo de suas movimentações agora, aos 62 (Palma), 61 (Aurich) e 70 (Mondini)?

Os ingressos para as apresentações custam R$10,00 no valor inteiro e R$ 5,00 para quem tem direito a meia-entrada. As entradas podem ser adquiridas antecipadamente no site do Theatro São Pedro ou, nos dias das sessões, a partir das 18h, na entrada do Teatro Oficina Olga Reverbel.

Além do espetáculo, a passagem pela capital gaúcha conta com o bate-papo Dança e Etarismo – A Potência das Idades no sábado (21), logo após a apresentação, com o trio recebendo as artistas locais convidadas Eva Schul e Mônica Dantas. Já a sessão de domingo (22) terá audiodescrição. O projeto, realizado pela iN SAiO Cia. de Arte, ainda inclui a residência artística gratuita Eu danço, Eu sou, realizada na segunda, terça e quarta (dias 23, 24 e 25), das 15h às 18h, no Centro Cultural da UFRGS, para todos os interessados em movimento, a partir de 16 anos, com condução de Ana e assistência de Claudia.

“Voltar a Porto Alegre é uma mistura de excitação e nostalgia, de rever o passado, se é que ele existe, pois com certeza está escrito no meu corpo, e então ainda é presente e olha para o futuro. Depois da temporada paulista agora retornar à casa, a primeira casa, são presentes que o universo está me dando, para que eu honre esses espaços onde tudo começou e possa agradecer mais uma vez por todos os ensinamentos e experiências”, reflete Ana.

O espetáculo

Armando, Claudia e Ana percorreram trajetórias parecidas, algumas no mesmo lugar e em tempos diferentes, mas com a mesma intensidade. Mondini vive fora do Brasil há quase três décadas, e o convite veio para aproximar e atualizar, depois de tanto tempo, as experiências de vida e arte, em um possível e novo encontro, com uma celebração pelo que perdura e ainda metamorfoseia a todos.

A experiência entre os três acontece por meio de um mote condutor: o livro Escute as Feras, de Nastassja Martín, que trata de um acontecimento real: o encontro de um urso com a autora do livro. Não se trata apenas dos limites físicos entre um humano e um bicho que, ao se confrontarem, abrem fendas no corpo e na cabeça. É também o tempo do mito que encontra a realidade; o outrora que encontra o atual; o sonho que encontra o encarnado.

Assim, MIÊDKA são as pessoas que foram marcadas por um urso e sobreviveram ao encontro. Esse termo remete à ideia de que a pessoa que carrega esse nome passa a ser metade humano, metade urso. No espetáculo, é também a metáfora de um sentimento que permanece depois de tantos encontros pelos tempos diversos. Ficar marcado pelos encontros e pelos acontecimentos da vida torna a todos MIÊDKA.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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