O deputado estadual gaúcho Marcus Vinícius de Almeida (PP) ingressou com representação no Tribunal de Contas da União (TCU) alegando irregularidades no processo de compra de até 1 milhão de toneladas de arroz importado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), custando quase R$ 7 bilhões. Em sua denúncia, o parlamentar aponta que o leilão marcado para 6 de junho não tem embasamento técnico que comprove a necessidade de importação e justifique a interferência no mercado.
Além disso, para o deputado do Rio Grande do Sul a medida seria também abuso de poder político, tendo em vista que a distribuição do cereal pelo país em pacotes personalizados com as cores, logomarca e slogan do Governo Federal às vésperas das eleições municipais pode exercer o papel de campanha eleitoral.
Outro aspecto destacado na petição é a ausência de cuidados fitossanitários que, conforme o parlamentar, colocam em risco os alimentos que chegarão à mesa dos brasileiros. “Podem ter sido produzidos com fertilizantes químicos e defensivos agrícolas (agrotóxicos) que não são autorizados pela Anvisa nas lavouras e mercados brasileiros, expondo a saúde da população a potencial contaminação. Essa medida é infundada e não possui alicerce técnico para justificar uma movimentação bilionária de recursos públicos na compra de produto de procedência duvidosa”, afirmou Marcus Vinícius.
O deputado gaúcho argumenta que a safra de arroz de 2024 no Rio Grande do Sul já foi colhida e não há chance de desabastecimento ou aumento abusivo de preços no país. A afirmação se baseia em dados do Instituto Rio-Grandense do Arroz (IRGA) e da própria Conab, que indicam que 84% das lavouras já haviam sido colhidas antes da catástrofe climática. Além disso, a área plantada nesta safra era 7% superior à anterior. A produção estimada para 2024 segue em 7,2 milhões de toneladas, superando a colheita de 2023. “A safra de arroz está colhida e segura em quantidade e qualidade superiores ao ano anterior. Estamos diante de um claro caso de aproveitamento político da tragédia para realização de proselitismo, às custas do dinheiro público”, criticou o parlamentar.
Marcus Vinícius também alerta para o impacto negativo na cadeia produtiva local e nas receitas do estado. O deputado defende que medidas como a redução de tributos e incentivos fiscais, ou a aquisição do próprio arroz gaúcho, seriam mais benéficas para o consumidor sem prejudicar a produção nacional. “Medidas como a redução da carga fiscal ou a formação de estoques públicos com produto brasileiro seriam muito mais eficazes e menos danosas ao setor produtivo”, argumentou o progressista.
Na representação ao TCU, o deputado solicita que, em caráter de urgência, seja sustada a autorização da compra de arroz estrangeiro e que a Conab apresente estudos técnicos que comprovem a necessidade da aquisição. No mérito, pede que o ato seja definitivamente suspenso, evitando o que considera um gasto público sem fundamento e uma ameaça à rizicultura e à saúde da população. “Requeremos que o TCU atue para impedir este gasto desnecessário e prejudicial à economia do país. O setor produtivo do arroz brasileiro merece respeito”, enfatizou Marcus Vinícius.