Construção civil tem melhor desempenho desde 2014

Por Gabrielle Pacheco

O setor da construção civil apresentou no terceiro trimestre de 2019 o melhor desempenho para o setor desde o primeiro trimestre de 2014, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O segmento cresceu 4,4% ante o resultado do terceiro trimestre de 2018. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. O resultado foi impulsionado pelo setor imobiliário e pelo aumento da ocupação de 1,3%, segundo dados da Pnad Contínua. A economia brasileira avançou 0,6% no terceiro trimestre de 2019, na comparação com os três meses anteriores.

A construção civil é apontada como um bom termômetro para investimentos e emprego, pois mobiliza muita mão de obra. O motor desse segmento costuma ser um misto de ganho de renda da população, confiança do empresariado e das famílias de que dias melhores virão e investimento público, cada vez mais restrito. “É um crescimento puxado principalmente pela construção imobiliária, não pela infraestrutura. A construção cresceu esses dois trimestres, mas ainda está 30% abaixo do maior dado, que foi no primeiro trimestre de 2014”, ressalta Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais.

“É um crescimento puxado principalmente pela construção imobiliária, não pela infraestrutura”

José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), destaca que o setor vai manter o crescimento.“O crescimento da construção civil é uma boa notícia para a economia do país. É movimento já consistente em São Paulo, mas com força também no Centro-Oeste, puxado pela renda gerada pelo agronegócio. Tradicionalmente, a recuperação começa por São Paulo e, depois, chega aos demais estados”.

Por ora, contudo, a retomada na construção está restrita ao segmento residencial do mercado imobiliário, que representa apenas uma pequena fatia do potencial do setor, explica Martins.A construção civil, continua ele, conta com quatro grandes pilares. Um deles é o de obras públicas, parado pela falta de capacidade de investimento do governo. Há ainda o vetor de obras de infraestrutura realizadas pelo modelo de parceria público-privada, como o usado nas grandes concessões sendo feitas em rodovias, aeroportos e outras. Existem as obras de projetos industriais e corporativos e, por fim, o imobiliário residencial.

“O governo aposta em grandes PPPs, mas são projetos que demandam maior prazo de maturação, licenciamento, até acontecerem. Na indústria e no corporativo ainda há grande capacidade ociosa. É um pilar forte em investimento, mas só virá com a recuperação econômica mais forte”, diz o executivo. “O imobiliário residencial está indo, mas com um fator preocupante: ancorado nas classes média e média alta. Na moradia popular, onde o mercado é maior, faltam recursos e política de habitação definida”, explica.

“Na moradia popular, onde o mercado é maior, faltam recursos e política de habitação definida.”

Apesar do resultado positivo, o nível de desempenho da construção ainda está 30% abaixo do maior nível registrado para atividade econômica, no primeiro de 2014. O resultado para o trimestre acompanha a alta registrada no segundo trimestre de 2019, quando foi interrompida a série de 20 trimestres consecutivos, na comparação anual, de retração do setor. Além disso, acumula o segundo trimestre consecutivo de avanço da atividade econômica, tanto na comparação anual quanto na trimestral. Nessa última, apresenta alta de 1,3%

Foto: Reprodução | Fonte: Assessoria
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