Conselho Municipal de Saúde vistoria Fundação Hospital Centenário de São Leopoldo

Por Jonathan da Silva

O Conselho Municipal de Saúde (CMS) de São Leopoldo realizou, a convite da nova gestão, uma vistoria na Fundação Hospital Centenário para avaliar as condições da instituição. A visita ocorreu na quarta-feira (7) e foi conduzida pelo presidente do hospital, Ricardo Silveira, que apresentou um diagnóstico da atual situação da unidade e propôs medidas para melhorias.

Antes da vistoria, Silveira reuniu os conselheiros em seu gabinete para relatar as dificuldades encontradas na instituição desde o início da nova gestão. Segundo o presidente, a situação inclui atraso de quatro a cinco meses nos contratos, falta de insumos básicos, ausência de controle sobre materiais médicos e problemas estruturais no bloco cirúrgico.

Encontramos um hospital sem higienização, com atraso de quatro a cinco meses nos contratos. Faltavam inclusive insumos para a produção de alimentos. Constatamos uma ausência de controles nos materiais médicos hospitalares, medicamentos. Nos deparamos com uma falta quase geral de insumos. Ficamos surpresos com a situação do bloco cirúrgico que exige reparos imediatos. Me surpreendeu o fato de um hospital referência para mais de 30 municípios não ter em seus quadros engenheiros, arquitetos, enfermeiros e técnicos de segurança do trabalho. É necessário cuidar de quem cuida. Estamos encontrando dificuldade na localização de alguns bens. Um inventário deverá estar concluído até o final de fevereiro”, declarou Ricardo Silveira.

Além disso, o presidente destacou a ausência de um contador na estrutura própria da instituição e a falta de concursos públicos há 16 anos. “O Hospital Centenário não tem contador no quadro próprio. Há 16 anos não tem concurso público. E eu me deparo com as contas em estado crítico. Pedimos apoio da Secretaria da Fazenda nos cedendo um profissional para qualificar a área contábil”, acrescentou Silveira.

Outro ponto abordado foi a terceirização de serviços e a escassez de médicos no quadro próprio da instituição. “Contamos com apenas 52 médicos no quadro próprio da instituição. É fundamental ter servidores permanentes, pois isso gera um compromisso com a comunidade e vínculos”, ressaltou o presidente.

Vistoria e problemas estruturais

Após a reunião, os conselheiros percorreram diferentes setores do hospital, incluindo áreas de apoio e o centro cirúrgico. Durante a vistoria, foram encontrados móveis e equipamentos hospitalares armazenados sem utilização, que devem ser removidos na próxima semana. No centro cirúrgico, foram constatadas falhas no piso que dificultam a circulação de pacientes e profissionais, além do uso de rampas improvisadas de madeira para macas e cadeiras de rodas.

O conselheiro André Rotta, representante do Instituto 2024 no CMS, destacou a importância do convite feito pela nova gestão. “Um caminho foi destruído. Esse convite, para estarmos aqui, foi muito importante. Espero que agora, com essa liberdade, a entidade volte a ter a possibilidade de fiscalizar. Queremos estabelecer, a partir de agora, um canal de informação. Assim, a gente começa a conhecer a realidade”, afirmou Rotta.

Silveira reforçou a necessidade do controle social na gestão hospitalar e propôs um debate técnico sobre as condições da instituição. “Temos que nos despir de amarras históricas para isso. A presença de vocês é estratégica. Não se faz saúde sem controle social. Entendo que a legalidade, publicidade, moralidade, transparência e a impessoalidade são peças chaves para uma boa administração. Quero estabelecer essa participação. Valorizo o vínculo e a questão presencial. Sei o papel da gestão, dos trabalhadores e da sociedade civil organizada. Nós precisamos ser exemplos com o trato com a coisa pública”, ponderou o presidente do hospital.

Medidas para reorganização do hospital

Durante a reunião, Silveira apresentou algumas diretrizes para reestruturação do hospital, com foco no abastecimento de insumos, reorganização do quadro de funcionários e revisão de contratos. “Abastecer o hospital é a nossa maior preocupação. Como informei, faltava desde alimentos até a questão da higienização passando por insumos e medicação. Estamos aos poucos colocando em dia essas situações. Em um segundo momento, vamos fazer um senso do hospital, ou seja, ver quem trabalha e onde trabalha. Por isso solicitamos o retorno de 45 profissionais cedidos. Em seguida, senso dos terceirizados. Saber se realmente cumprem as demandas que foram assinadas. Estamos revisando todos os contratos. Vamos nos debruçar no estatuto. Temos que debater que hospital a cidade precisa”, explicou o presidente.

O presidente do CMS, José Carlos Pereira, ressaltou as dificuldades financeiras da instituição e a importância da abertura ao diálogo. “Temos um grande desafio financeiro. É uma satisfação conversar. Obrigado pela abertura que o senhor está dando aqui. Estamos à disposição”, afirmou Pereira.

Também participaram da visita os conselheiros Eliziane Miguel (vice-presidente), Estela Junges (Fundação Municipal de Saúde), Agnes Diesel (Instituto 2024), Izabel Oliveira (Associação de Lúpus), Roberta Wobeto (Acist) e Clediana Langner (Coopercultura).

Foto: Romeu Finato/Divulgação | Fonte: Assessoria
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