A cada dia, as novas tecnologias estão mais presentes no dia a dia das pessoas. Apesar de todos os benefícios, os avanços podem impactar na oferta de trabalho, principalmente nas indústrias. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) alerta para o fato de que o emprego de baixa qualificação, ainda predominante no país, pode estar sujeito, no futuro próximo, aos efeitos adversos das novas tecnologias.
A pesquisa, feita com base em dados de 2003 e 2017, conclui que o trabalho que envolve força física – como classificação e separação de objetos, controle de estoques e operação de máquinas – tende a perder importância e ser substituído pela automação, sobretudo nos países em que os salários sejam relativamente mais elevados.
Em termos educacionais, o estudo do Ipea mostra que houve uma expansão de 19,3% nos anos de estudo dos trabalhadores formais civis no Brasil entre 2003 e 2017. A qualidade das ocupações disponíveis, no entanto, não acompanhou esse crescimento. Aguinaldo Nogueira Maciente, coordenador de Estudos e Pesquisas em Trabalho e Desenvolvimento Rural do Ipea e um dos autores da publicação, ressalta:
“A população está cada vez mais escolarizada, mas isso não tem se traduzido em empregos que exijam melhores habilidades”.
A pesquisa revela, ainda, que as habilidades que terão maior importância no futuro são as cognitivas, como as que envolvem o raciocínio e o domínio de linguagens; interpessoais, como o cuidado e o contato humano; gerenciais e habilidades ligadas às ciências, tanto as da natureza quanto as sociais ou aplicadas.