Assintecal revela materiais mais utilizados nos calçados brasileiros

Por Ester Ellwanger

Com o objetivo de gerar informações qualificadas para basear estratégias das empresas da cadeia calçadista, a Associação das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) lançou, em 15 de junho, a 8ª edição do Mapeamento – Quantificação dos Materiais no Calçado. A publicação, desenvolvida pela entidade com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), aponta os principais componentes utilizados na fabricação de calçados brasileiros. O evento, on-line, contou com a condução do doutor em Economia e consultor setorial, Marcos Lélis, que abordou ainda o cenário nacional e internacional para a cadeia produtiva do calçado.

Com uma amostragem de mais de 200 milhões de pares, que representam mais de 54% da produção nacional de calçados – tirando chinelos -, o Mapeamento lançado pela Assintecal tem margem de erro de menos de 1%. Entre os dados apresentados, estão que os cabedais de laminados de poliuretano respondem por mais de 40% do total produzido. Em seguida aparecem os desenvolvidos com laminados de PVC (25%), materiais têxteis (20,9%) e Couro (12,8%). Já no forro do calçado, o componente mais utilizado pelos fabricantes é o Laminado de poliuretano (60,65%), enquanto nos solados é o PVC (33,3%) e nos enfeites os metais (36,38%). Os adesivos utilizados são majoritariamente à base de água (54,68%).

A superintendente da Assintecal, Silvana Dilly, destacou que na publicação são detalhados mais produtos, com ranqueamento por segmento, região, entre outros dados relevantes.

“A publicação é bastante completa e é um registro fundamental para a tomada de decisão nas empresas da cadeia produtiva do calçado, pois também indica tendências importantes”, comentou Silvana, ressaltando que o material foi desenvolvido pela Inteligência de Mercado da Assintecal em conjunto com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

 

Macroeconomia

Na sequência, Lélis comentou que o forte aumento dos juros praticados pelos Estados Unidos, mecanismo utilizado para o controle da inflação local (cerca de 8% em 12 meses), tem impacto no câmbio de países emergentes, caso do Brasil. O fato tem impacto direto na inflação e na corrosão do poder de compra das famílias brasileiras, que também foi afetado pela queda no rendimento médio do consumidor, o menor desde 2014. A inflação brasileira, atualmente em 12% (nos 12 meses), segundo Lélis, é ainda maior nos setores de alimentação (13,5%), habitação (13,4%) e transporte (19,7%), deixando muito pouco para se gastar em bens não essenciais. “Aí trava toda a economia”, disse.

 

Infraestrutura

Lélis também ressaltou que soma-se aos problemas brasileiros a falta de investimentos públicos em infraestrutura, em queda desde 2015. “O Brasil não aguenta dois anos seguidos de crescimento de 3%, porque esbarra na infraestrutura. Hoje os investimentos públicos realizados não são suficientes nem mesmo para manutenção da infraestrutura”, comentou, ressaltando que o investimento público está em cerca de 2% do PIB, registro que já foi de 5% na década de 1990.

No final do evento, Lélis destacou que o setor calçadista vem crescendo desde o segundo semestre do ano passado – com breve hiato nos dois primeiros meses de 2022 em função da variante da Covid-19 -, mas que o incremento deve se “acomodar” nos próximos meses.

Para o ano, o crescimento deve ficar situado entre 1,8% e 2,7% na produção e entre 8,4% e 10,2% na exportação, apontando para a baixa dinâmica no consumo doméstico, que hoje responde por mais de 85% das vendas da indústria calçadista.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria

 

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