Ações dos Médicos Veterinários de Rua do Rio de Janeiro inspiram projeto no Rio Grande do Sul

Por Stephany Foscarini

Pessoas em situação de rua que vivem em Porto Alegre receberão atendimento especial para seus animais de estimação a partir de outubro. É que, no mês que vem, está prevista a primeira ação do projeto Médicos Veterinários de Rua. A inspiração para trazer a iniciativa para a capital gaúcha veio do trabalho desenvolvido por médicos veterinários e estudantes de Medicina Veterinária no Rio de Janeiro. “Começamos a atuar em maio deste ano com dois profissionais e sete alunos e, nesta primeira ação, atendemos oito pacientes”, conta o médico veterinário Marco Antonio Andrade Rodrigues, coordenador do projeto no Rio.

Hoje, as atividades, que ocorrem no último domingo de cada mês e duram em média cinco horas, já contam com 45 voluntários cadastrados. O Médicos Veterinários de Rua é um dos braços da Associação Médicos do Mundo, iniciativa privada e filantrópica que busca promover o atendimento a pessoas e animais em situação de vulnerabilidade social.

É importante trazer cada vez mais multiplicadores para este trabalho para que o projeto cresça de forma organizada e conquiste parceiros”.

“É importante trazer cada vez mais multiplicadores para este trabalho para que o projeto cresça de forma organizada e conquiste parceiros”, defende Marco Antonio, que encerrou a programação especial do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) durante a 44ª Expointer com a palestra “Médicos Veterinários de Rua: Treinando Multiplicadores em Prol do Bem-Estar Animal e da Saúde Única (One Health)”, neste domingo (12), em Esteio. O evento também marca o aniversário do CRMV-RS, que completa hoje 52 anos de atuação.

Os voluntários que ingressam no projeto recebem orientações sobre a importância de suas responsabilidades junto ao grupo, já que as atividades não se resumem ao dia da ação. É necessária a busca constante por parceiros, voluntários e doações para viabilizar a iniciativa. Para os estudantes, o Médicos Veterinários de Rua proporciona ainda exercer o trabalho de extensão universitária e de aplicar os ensinamentos teóricos na prática.

Os animais – cães e gatos em sua grande maioria – passam por exame físico e são avaliados para verificar se podem ser causa de enfermidade para quem convive com eles. Caso detectada alguma zoonose, seja no pet ou no tutor, ambos são tratados ou encaminhados para instituições públicas de saúde, de acordo com o grau de complexidade.

Na abordagem dos médicos veterinários e universitários, os animais recebem vermífugos, antiparasitários e vacinas. Os voluntários também explicam sobre a importância da castração e distribuem ração, guias, comedores e medicação, além de roupas, cobertores, calçados, produtos de higiene pessoal e outros itens obtidos por meio de doações.

Todos os atendimentos são registrados em prontuários. O exame físico, por exemplo, permite coletar informações sobre escore de condição corporal e de massa muscular dos animais, os resultados das avaliações de mucosa, linfonodos, pulso femoral, nível de desidratação e demais dados considerados importantes. As coletas de amostras biológicas, como sangue, fezes e urina, servem de base para projetos de pesquisa.

“O cuidado com os animais de estimação é a porta de entrada para mostrar às pessoas em situação de rua que elas também precisam ter atenção com a sua própria saúde”, relata Marco Antonio. Para se ter uma ideia, nas ações realizadas no Rio de Janeiro, foram atendidos nesta última ação, cerca de 20 pets, enquanto as consultas e atendimentos para pacientes humanos em diversas áreas chegam a 140.

Para muitas pessoas, essa é uma das poucas oportunidades de serem ouvidas”.

Por isso, quem decide se voluntariar precisa ter empatia e estar disposto a praticar a escuta ativa. “Para muitas pessoas, essa é uma das poucas oportunidades de serem ouvidas”, explica o coordenador do Médicos Veterinários de Rua do Rio de Janeiro, médico veterinário Marco Antonio. Além disso, o projeto permite aplicar na prática o conceito de Saúde Única (“One Health”), que consiste na relação inseparável entre a saúde humana, a saúde animal e a saúde ambiental. E o médico veterinário é o único profissional habilitado a atuar nestas três áreas da saúde.

A palestra “Médicos Veterinários de Rua: Treinando Multiplicadores em Prol do Bem-Estar Animal e da Saúde Única (One Health)”, ministrada por Marco Antonio Andrade Rodrigues, coordenador do projeto no Rio de Janeiro, pode ser assistida no canal do CRVM-RS no YouTube.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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