A Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Tabaco e Afins (Fentitabaco) manifesta profundo repúdio à decisão da organização da 11ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, em Genebra, na Suíça, que negou o acesso da representação dos trabalhadores brasileiros ao espaço de credenciamento oficial do evento. A entidade, que fala em nome de mais de 44 mil homens e mulheres que atuam diretamente nas indústrias do setor, recebeu com surpresa e indignação a informação de que sua presença na conferência não seria autorizada, mesmo após o cumprimento integral dos procedimentos exigidos.
O presidente da Fentitabaco, Rangel Marcon, relata que toda a documentação foi apresentada de forma transparente, incluindo declaração formal que comprovou não haver nenhum vínculo com empresas da cadeia produtiva que pudesse caracterizar conflito de interesses. Ele afirma que permaneceu por longo período no setor de credenciamento buscando resolver a situação, sem sucesso. “Foram diversos dias de cadastro e tentativas de atendimento. Apresentei meu passaporte, entreguei a declaração de representação sindical e aguardei enquanto repetiam o processo inúmeras vezes. Ao final, fui informado de que a entrada estava negada, mesmo representando os trabalhadores e suas entidades”, descreve.
A Fentitabaco reforça que decisões dessa natureza fragilizam o princípio democrático que deve nortear debates internacionais. A exclusão da voz dos trabalhadores em um espaço que historicamente traz temor e incertezas para milhares de famílias brasileiras aprofunda a sensação de que as Conferências das Partes continuam fechadas ao diálogo, impedindo que aqueles que vivem a realidade social e econômica do tabaco possam apresentar suas demandas e defender seus direitos.
Em respeito aos trabalhadores que representamos e à sociedade brasileira, a Federação seguirá mobilizada para denunciar a falta de transparência e de participação social no processo da COP-11. O país não pode aceitar que um segmento produtivo que sustenta milhares de empregos diretos seja deliberadamente silenciado em instâncias internacionais que impactam seu futuro.


