Os efeitos da estiagem e as soluções para evitar que a situação do Rio dos Sinos se deteriore ainda mais nos próximos anos foram o tema de reunião virtual promovida nesta sexta-feira (4) pela Prefeitura e Secretaria do Meio Ambiente de Novo Hamburgo, com a participação de outras cidades e entidades da região.
No encontro, que teve a participação de representantes de São Leopoldo, Campo Bom, Esteio, Taquara, Comitesinos e do Pró-Sinos, foi definida a formação de um grupo de trabalho para tratar de ações concretas que possam enfrentar a estiagem nos próximos anos, como a criação de barragens ou microbarragens regionais, bem como o convite à procuradoria ambiental e à Secretaria do Meio Ambiente do Estado para participar de uma nova reunião no dia 18. A pauta da reunião também será apresentada à Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal).
Quanto tempo ainda vamos esperar para fazer alguma coisa? Vem ano, sai ano, e cada vez a situação da estiagem piora. Essa é a hora de agir”.
Para o prefeito em exercício de Novo Hamburgo, Márcio Lüders, os estudos já existem há anos, mas precisam ser colocados em prática. “Quanto tempo ainda vamos esperar para fazer alguma coisa? Vem ano, sai ano, e cada vez a situação da estiagem piora. Essa é a hora de agir”, ressalta.
O secretário municipal de Meio Ambiente hamburguense, Ráfaga Fontoura, enfatizou o nível do encontro. “Foi uma das melhores reuniões das quais participei em relação a este assunto. A partir deste encontro, foi trazida a ideia de que nós, como municípios banhados pelo rio e o próprio Estado, temos o dever de nos reunir rotineiramente para buscar soluções. As ações devem ser conjuntas”, destacou
Estudos
Para Márcio, durante anos muitos estudos foram produzidos e apresentados, no entanto, nada tem sido feito para dar continuidade às propostas. “O Comitesinos já produziu um estudo sobre a instalação de reservatórios na nossa bacia, mas ainda há muita resistência por parte de alguns municípios onde essas barragens poderiam ser instaladas. Até por isso, precisamos da participação do Ministério Público e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, para auxiliar na concretização desses planos”, afirma. E conclui: “Esses mesmos municípios que resistem à ideia de ter uma barragem são os que, neste ano, estão tendo problemas sérios com a estiagem. Precisamos de uma solução rápida e eficaz.”
Ao todo, 3 milhões de pessoas dependem do Rio dos Sinos para o abastecimento. Em 2020, o rio atingiu o menor nível já registrado na estação de captação da Comusa: 1,75 metro. Neste ano, a medição chegou a 1,88 metro, no dia 1º de janeiro. O nível considerado normal varia entre 2,20 a 3 metros (abaixo de 2 metros é considerado preocupante).
Fiscalização
A diretora-geral da Comusa, Andrea Braun, também destacou a importância do reforço na fiscalização ambiental na beira do Sinos. “Tudo que é descartado ao longo das margens do rio acaba afetando a captação e a qualidade da água nas cidades mais abaixo. Em dias de chuva, essa sujeira é toda arrastada, o que prejudica o abastecimento. É preciso também reforçar os cuidados nesse ponto em todas as cidades”, aponta.