Doado a Canela, Parque do Palácio preserva história dos Campos de Cima da Serra

Por Jonathan da Silva

Após mediação da Prefeitura de Canela junto ao Governo do Estado, a Assembleia Legislativa aprovou, há cerca de um mês, a doação do terreno onde está localizado o Parque do Palácio ao município. Com nove hectares, o espaço é considerado o último remanescente urbano significativo dos Campos de Cima da Serra e da Mata de Araucárias, abrigando fauna silvestre e vegetação de regeneração lenta — ecossistemas cada vez mais raros nas áreas urbanas.

O parque ocupa parte de um terreno estadual de 23 hectares que inclui também o Palácio das Hortênsias, casa de veraneio do governador. A área foi cedida a Canela em 1999, após reivindicação da comunidade e intermediação do então secretário estadual de Turismo, Milton Zuanazzi, para se transformar em um parque urbano destinado ao lazer e à prática de atividades físicas.

Valor ecológico

Com o passar dos anos, ambientalistas passaram a reconhecer o valor ecológico do local. “É o único parque linear urbano que existe em Canela e possui uma função biológica importantíssima de ser um reservatório e captar água da chuva, com potencial de impedir alagamentos como os que vimos no Rio Grande do Sul em 2024. Ter esse remanescente, um dos últimos núcleos dos Campos de Cima da Serra em zona urbana, é ter uma joia”, destacou o biólogo e secretário-adjunto de Meio Ambiente, Esthalin Moreira.

O secretário de Meio Ambiente e biólogo, Carlos Frozi, compara o espaço ao Parque da Redenção, em Porto Alegre. “Temos um centro urbano pulsante e um refúgio ainda ecologicamente equilibrado no centro da cidade. Poucas cidades têm essa possibilidade, e Canela é privilegiada”, pontuou Frozi.

Fauna diversa

O Parque do Palácio também abriga uma rica fauna, incluindo espécies ameaçadas de extinção, como o papagaio-charão, a gralha-azul, o papagaio-de-peito-roxo e o grimpeiro. Há ainda registros de puma, além de diversas aves migratórias que utilizam a área como corredor natural. “Temos espécies que ficam pelos capinzais, como o coleiro, e outras que habitam as partes mais altas, como o tucano-de-bico-verde e o grimpeiro, associado à copa das Araucárias”, explicou Frozi.

O projeto de revitalização

O projeto de revitalização do Parque prevê trilhas, ciclovia, bicicletário, mirantes e áreas de lazer e esportes, além de melhorias na iluminação e segurança. O plano também contempla o uso do espaço como ambiente de educação ambiental. “Imagine uma aula de biologia em meio ao Parque, tendo à disposição dois ecossistemas e uma imensidão de plantas e animais. Seria um grande incentivo para o cuidado com o meio ambiente”, observou Esthalin Moreira.

A proposta é que o programa Ecocidadania, da Prefeitura de Canela, promova atividades educativas e visitas escolares no local, estimulando a preservação ambiental e a valorização desse patrimônio natural dentro da área urbana do município.

Foto: Izaque Santos/Prefeitura de Canela/Divulgação | Fonte: Assessoria
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