Profissionais do audiovisual brasileiro cobram regulação do streaming no país

Por Jonathan da Silva

Mais de 750 profissionais do audiovisual brasileiro assinaram uma carta aberta, divulgada nesta semana, endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à ministra das Relações Institucionais Gleisi Hoffmann, ao presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos), à ministra da Cultura Margareth Menezes e à secretária do Audiovisual Joelma Gonzaga. O documento pede prioridade na tramitação do Projeto de Lei 2331/22, que propõe a regulação dos serviços de streaming no país. Os signatários afirmam que a medida “não pode mais ser adiada” e argumentam que a ausência de regras ameaça a soberania cultural brasileira.

O texto solicita que o Executivo declare apoio formal e estratégico ao projeto, mantenha a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) na relatoria da proposta no plenário da Câmara e reforce o papel do Ministério da Cultura na defesa da indústria audiovisual. A carta também pede mobilização urgente para a votação do substitutivo de consenso ao PL 2331/22, que estabelece uma contribuição mínima de 6% da receita bruta das plataformas para o fomento da produção nacional — índice inferior ao recomendado pelo Conselho Superior do Cinema, de 12%.

Apoio amplo do setor

A carta reúne nomes como os diretores Fernando Meirelles, Walter Salles, Laís Bodanzky, Kleber Mendonça Filho e José Padilha; os produtores Luiz Carlos Barreto e Fabiano Gullane; as atrizes Fernanda Torres e Grace Passô; o ator Wagner Moura; cineastas indígenas como Mozarniel Iramari Yanomami; realizadores da periferia, como Lincoln Pérciles; e autores como Paulo Lins. Assinam também documentaristas, animadores, roteiristas e técnicos de todos os estados brasileiros, com atuação no circuito comercial e em festivais como Cannes, Berlim e o Oscar.

Defesa da cultura nacional

Segundo o texto, “o audiovisual de um país registra a identidade em movimento de sua cultura. Conta quem nós somos, de onde viemos, e nos ajuda a pensar para onde queremos ir”. Para os signatários, a permanência da deputada Jandira Feghali como relatora é essencial para garantir coerência legislativa e continuidade ao processo. “Não podemos aceitar que o nosso mercado audiovisual seja usado como moeda de troca, como em momentos anteriores de nossa história”, diz a carta.

O documento afirma que, sem regulação, o Brasil corre o risco de se tornar apenas um mercado consumidor, sem consolidar uma indústria audiovisual capaz de gerar emprego, renda e projeção internacional. “Trata-se de garantir que a voz do Brasil continue a ser contada por brasileiros”, concluem os signatários.

Foto: Freepik/Reprodução | Fonte: Assessoria
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