Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que pode se tornar um projeto financiado pelo poder público e privado, quer dar subsídios ao município de Candiota para defender a vida útil da atividade produtiva remanescente da extração de carvão mineral, em conformidade com os marcos de zero emissão de gases de efeito estufa a longo prazo.
O município da metade Sul do Estado vive a incerteza em relação à sua principal atividade econômica. A Eletrobras, empresa brasileira de capital aberto, manifestou o interesse de vender a Candiota III — usina termoelétrica com aproveitamento de carvão mineral da região — em coletiva de imprensa em julho. A companhia espera se desfazer de todos os ativos movidos a carvão e a gás até 2030.
A cidade, que tem 40% da sua renda mensal vinda da cadeia energética, tem grande parte da sua população de 10,7 mil habitantes empregada direta ou indiretamente na atividade econômica ligada à extração de carvão mineral. Em termos de relevância nacional, o município abriga 38% das reservas brasileiras deste combustível fóssil, explorado pela empresa pública Companhia Riograndense de Mineração (CRM), e pela privada Seival Sul Mineração (SSM). Enquanto a CRM controla a exploração de carvão da jazida Candiota, que fornece carvão para a Usina Termelétrica Candiota III, a SSM é responsável pela exploração do carvão da jazida Seival, que abastece a Usina Termelétrica Pampa Sul.
Além das notícias de desestatização da CRM, a pressão cresce devido aos compromissos firmados pelo governo do Rio Grande do Sul – signatário do Acordo de Paris e aderente às campanhas Race to Zero (Corrida para o Zero) e Race to Resilience (Corrida para a Resiliência), das Nações Unidas, que assume a intenção de reduzir as emissões em 50% até 2030 e de neutralizá-las até 2050.
Apesar das dúvidas, Candiota III tem potencial de funcionamento até 2040 e, por isso, as doutorandas Bruna Paim e Bianca Dutra, sob a orientação da professora do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rita Alves, estão trabalhando em um projeto que prevê o monitoramento e a estimativa de gases de efeito estufa de forma completa – tanto no ar como no solo.