Há 27 anos, a Associação Brasileira de Enologia (ABE) lançou a Avaliação Nacional de Vinhos, evento que evoluiu junto com o vinho brasileiro e se tornou a maior degustação de vinhos de uma safra do mundo. Nesta trajetória, o enólogo sempre foi protagonista, imprimindo sua expertise em cada etapa da Avaliação. Alguns enólogos participaram de todas edições, outros estrearam este ano, mas todos comungam da mesma bandeira: promover o vinho brasileiro.
“Há muito tempo queria viver esta experiência. Sou enólogo desde 1998, mas sempre atuei na área comercial e conciliar a agenda não é fácil. Este ano tive o prazer de integrar pela primeira vez o grupo de enólogos que participou da degustação de seleção. Foi incrível. Uma experiência que vou levar pra minha vida toda”, relata Avelino Zanetti Filho. Segundo ele, este foi um momento realmente surpreendente.
“Degustar e poder confirmar o que o enólogo faz é sensacional. Isso sem contar na troca de ideias e impressões, um aprendizado que renova os mais experientes e compromete ainda mais as novas gerações”, destaca.
Se para Zanetti a estreia é emocionante, para Lucindo Copat (foto), enólogo há mais de 45 anos, a experiência é motivo de orgulho. Da geração que participou de todas as degustações de seleção, Copat conta que a ideia inicial era identificar qual variedade melhor se adaptava no país.
“Para nossa boa surpresa, a biodiversidade do Brasil nos mostrou e continua mostrando a cada safra novas descobertas. Assim, a Avaliação tomou uma dimensão muito grande. Nenhum de nós imaginávamos que o evento fosse chegar a este patamar e tivesse tamanha influência na imagem dos vinhos brasileiros”, relata.
“Criou-se uma concorrência interna saudável. A Avaliação nos mostrou que o trabalho em conjunto é o ideal e que a causa é o vinho brasileiro, independente de marcas. A integração com as novas gerações, compartilhando novas ideias também foi decisiva para o sucesso do evento”, assegura.
A Degustação de Seleção é a fase mais criteriosa do evento. Este ano, 120 enólogos de todas as gerações degustaram, de 27 de agosto a 5 de setembro, 338 amostras de oito regiões produtoras brasileiras. Algumas chegaram a percorrer 3 mil quilômetros até chegar ao seu destino, o Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, responsável pela coordenação técnica do evento. Foram 24 horas de degustação às cegas.
O presidente da ABE, enólogo Daniel Salvador, brinda este assemblage de gerações. “É emocionante ver esta integração em prol do vinho brasileiro. Cada um com sua expertise, ajudando o setor a evoluir. Hoje, podemos afirmar que o perfil dos vinhos brasileiros mudou e para melhor. Evoluiu com o aperfeiçoamento dos enólogos”, afirma.
O resultado será anunciado no dia 28 de setembro, no Pavilhão E do Parque de Eventos de Bento Gonçalves, quando cerca de mil apreciadores conhecerão a relação dos 30% mais representativos em cada uma das cinco categorias (brancos finos secos não aromáticos, brancos finos secos aromáticos, tintos finos secos, tintos finos secos jovens e vinho base para espumante).
Neste grande dia, o público degustará, simultaneamente com um corpo de comentaristas, as 16 amostras selecionadas entre os 30%, provando na taça a representatividade da Safra 2019.
